Por Simone Gil Mondavi (da Redação –
Argentina)
O Partido Popular rejeitou durante as reuniões com o Comitê de Cultura do
Senado, as emendas e os vetos registrados pela oposição contra o projeto de lei
para a regulamentação das touradas como patrimônio cultural na Espanha. As
informações são do EuropaPress.
No total, foram apresentadas 57
emendas, das quais quatro foram retiradas pelo grupos trabalhista, e um total
de cinco vetos, todos rejeitados.
Também foi aprovado por 16 votos a favor,
três contra e sete abstenções, o texto enviado pelo Congresso dos Deputados, de
modo que será debatido no Senado na quarta-feira (07) em uma plenária o status
de patrimônio cultural das touradas, antes da aprovação final.
O porta-voz popular Sebastián Ruiz
Reyes explicou que a rejeição das emendas apresentadas se deu porque elas não
respondem ao “espírito da proposição”, que se refere ao impasse “se o feriado
nacional e as touradas são conjunto de toda uma herança cultural e se tem valor
como tal”.
A este respeito, observou que a
resposta do seu grupo é a mesma que a dos 580 mil espanhóis que assinaram a
Iniciativa legislativa Popular (ILP), a partir da qual emergiram esta proposta
de lei. Entretanto, 76% dos espanhóis não aprovam a vigência das touradas como
eventos culturais.
Enquanto isso, Joan Bagué, do
organismo CiU, indicou que o seu veto se deve à “clara imersão de competência”
da proposta, já que entende que “não corresponde ao Estado a regulação das
touradas”. Segundo Bagué, este tipo de regulamentação deve fazer parte das
obrigações das cidades autônomas. Diversas cidades já proibiram esta prática,
porém muitas outras ainda não discutiram o assunto. Uma lei de proibição que
seja válida para todo o país e que tenha autoridade do próprio Estado,
juntamente com fiscalização e aplicação de multas a nível nacional, seria o
ideal para proteção dos animais, já que não é possível esperar a decisão de
cada cidade sobre o assunto.
Entenda o caso
No início de outubro o Congresso espanhol propôs emendas para
modificar o status das touradas em “patrimônio cultural”. Grupos de defesa
animal demonstraram sua desaprovação de maneira contundente. Segundo a
associação de diversos grupos de proteção internacionais, esta não passa
de “uma tentativa cínica do setor que se aproveita economicamente da
exploração de touros, desesperado por assegurar um futuro para este esporte
moribundo”.
A proposta havia sido aprovada por um
comitê do Congresso e foi autorizada para votação no Senado. Com sua aprovação,
as touradas – e todos os eventos com corridas de touros – receberiam incentivo
público para a realização. A baixa popularidade que o evento vem tendo, junto
com a crise econômica que assola toda a Europa, faz de incentivos estatais a
última opção dos realizadores de touradas.
Segundo Philip Mansbridge, CEO
da Care in the Wild International, “quando a Espanha irá aprender que a
cultura não pode ser desculpa para a crueldade? A Espanha é um belo país mas
isto é uma vergonha. É uma tentativa de desviar o ataque às touradas e de
conseguir mais que os 130 milhões de euros por ano em subsídios que a União
Europeia já obtém dos nossos impostos. Enquanto o mundo se move contra a
crueldade animal, o governo da Espanha está se segurando ao passado cruel por
razões financeiras e não culturais”.
O prestígio e a popularidade das
touradas diminuem a cada ano, em conjunto com o aumento das críticas pelos
meios de comunicação, e a tentativa de transformá-la em um patrimônio cultural
parece estar diretamente relacionada com a manutenção de uma indústria de
entretenimento sem escrúpulos, que visa somente a continuidade de seus lucros.
O argumento sobre a importância cultural das touradas não pode ser usado como
véu para os interesses econômicos que guiam essas medidas.
Fonte: anda.jor.br ( fotos : reprodução
)
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