Lá pelos meus 9 ou 10 anos de idade os
circos ainda tinham muitos animais selvagens. Um deles parava sempre no meu
bairro e numa noite meu pai me levou ao espetáculo. Como toda criança encantada
com tanto brilho, músicas e animais, também fiquei com meus olhinhos brilhando
e saí dali feliz da vida! Mas eu já tinha um pequeno faro jornalístico nessa
idade e no dia seguinte convenci uma amiguinha a ir comigo até o terreno onde o
circo estava acampado. Ficava a umas quatro quadras da nossa casa e claro que a
nossa intenção era ter um contato maior com os animais fora do picadeiro.
(Foto: Pixabay)
Chegando lá vimos que o circo não
tinha segredos. Havia uma cerca baixa e frágil que nos permitia ver a tudo e a
todos. Foi quando notamos um enorme elefante que parecia estar dançando, pois
balançava o corpo de um lado para o outro sem parar. Uma das pernas, no
entanto, estava presa a um tronco de árvore por meio de uma grossa e curta
corrente. Mesmo para nós, crianças, ficou claro que aquela situação não era
nada agradável. Quem poderia estar feliz acorrentado o dia todo, sem poder sair
do lugar, sob chuva, frio e calor? Ali fora do picadeiro não havia o brilho nem
a magia que me encantaram na noite do espetáculo. Depois de ver essa cena nunca
mais quis ir a um circo.
A Granado lançou ano passado a Linha
Infantil Vintage “Fantástico Circo”, que procura encontrar algum glamour nos
circos de antigamente. A campanha publicitária tem peças com leões, elefantes e
outros animais selvagens que, como o próprio nome diz, deveriam viver na selva.
A tentativa foi trazer à tona uma infância que, segundo a empresa, era feliz e
mágica porque tinha acesso a circos com animais escravizados.
De fato, a maioria das crianças
daquela época jamais poderia imaginar o que se passava nos bastidores, com os
animais enjaulados, acorrentados e muito infelizes. A magia dos circos de
antigamente era “fake” e não havia animais felizes em executar truques e sim
obrigados, por meio de sofrimento, a fazer os “números” tão aplaudidos. Nada
contra os artistas circenses que já poderiam, sozinhos, garantir um espetáculo
verdadeiramente majestoso e alegre. Imagino que poucas crianças da minha época
puderam ter a curiosidade e a oportunidade de testemunhar o que vi por trás das
lonas do circo. Por conta disso, essas crianças cresceram achando que o circo
com animais é lindo e, certamente, continuaram a ir em circos, dessa vez, com
seus filhos.
Mas junto com essa geração que
aplaudiu elefante subindo em banquinho e leão pulando em arco de fogo ao som do
chicote, cresceu também o interesse pela proteção animal e, pelo mundo todo,
foi sendo proibida a utilização de animais em circos. Santuários como o Rancho
dos Gnomos, em Joanópolis (SP), passaram a receber esses animais escravizados
durante a vida toda que nunca pisaram numa grama e não conheceram nada além da
pequena jaula e do palco.
Se você também teve uma experiência
traumática com os circos com animais conte para a Granado no Facebook. Quem
sabe a empresa passa a entender que precisamos orientar as novas gerações para
o respeito com os animais. Escravizar é o oposto de amar. Veja também matéria completa
na ANDA sobre a Linha “Fantástico Circo” da Granado para entender
melhor porque uma linha de cosméticos infantis pode prejudicar a
conscientização das crianças na direção de um futuro mais ético e feliz para
todos os seres do planeta.
Por Fátima ChuEcco
Fonte: anda.jor.br
Como está chato viver no mundo hoje! Vivi para ver as pessoas dando extremo valor a bobagens e desprezando o que realmente importa.
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