A prefeitura de Mirassol, no interior de São Paulo, contratou uma veterinária para praticar “eutanásia” em cães soropositivos para leishmaniose visceral. Até agora 11 cães já foram sacrificados. As informações são da Record TV.
A contratação da veterinária custou R$
5 mil aos cofres públicos de Mirassol, para a eutanásia de 50 cães que, segundo
a administração municipal, estão com a doença. Porém, segundo a médica
contratada, somente 11 animais passaram pelo processo antes que ela desistisse
do contrato.
A leishmaniose
visceral canina é uma doença que pode ser transmitida de animais para humanos e
vice-versa, por isso é considerada uma zoonose grave, que pode matar tanto o
homem quanto o cachorro.
Foto: internet
Entretanto, cães
podem apresentar um diagnóstico duvidoso, já que o exame realizado para testar
a doença é o método Elisa, que pode apresentar falso positivo para leishmaniose
caso o animal esteja com a erliquiose canina, conhecida como a doença do
carrapato. Para a confirmação deve existir uma prova e uma contra prova.
Segundo a denúncia
dos protetores de animais, os moradores são visitados pela equipe de controla
de zoonoses do município e informados que podem ser infectados pelos animais, e
que a doença não tem cura. O que muito não são informados é que existe um
tratamento possível.
O principal
questionamento é o uso do dinheiro público para matar em vez de tratar. Por
lei, a eutanásia de animais com doenças que podem ser tratadas é crime. A
eutanásia pode ser autorizada pelos tutores quando o animal está em sofrimento
agudo sem chance de reagir ao tratamento.
Com tratamento,
existem casos em que o nível de parasitas na pele dos cães cai praticamente a
zero, e o animal não consegue mais transmitir a leishmaniose para outros cães e
seres humanos.
O principal é
combater as causas da contaminação, uma das estratégias é o controle ambiental.
Quintais sujos e terrenos baldios cheios de lixo, por exemplo, atraem o
mosquito que é o principal transmissor da doença.
Em nota, a
Prefeitura de Mirassol informou “que todo e qualquer procedimento somente é
feito após esgotadas todas as opções disponibilizadas pelo município ao dono do
animal diagnosticado como positivo para a leishmaniose”.
Afirmou também que a eutanásia só é realizada se “o proprietário do animal afirmar que não tem interesse em tratar a doença e, de maneira consentida, autorizar”. De acordo com a prefeitura, é seguido o protocolo do Ministério da Saúde e da Secretaria Estadual de Saúde, que tem como recomendação a eutanásia em casos positivos, “não é uma decisão que parte da administração municipal, mas sim, o cumprimento do que é preconizado pelos Governos Federal e Estadual”.
Ainda segundo a
prefeitura, “a eutanásia só ocorre após um exame ser realizado pela Vigilância
Epidemiológica, um novo exame ser feito pelo Instituto Adolfo Lutz que emite um
laudo confirmando a doença, além da autorização expressa do dono, respeitando
todos os protocolos de saúde pública.”
Fonte e foto: R7
Nota
do Olhar Animal: O nome do
prefeito que pretende exterminar os cães com leishmaniose é André Ricardo
Vieira, do PTB, e o e-mail de seu gabinete é gabinete@mirassol.sp.gov.br.
Muitas prefeituras
fazem exames e, se diagnosticada a leishmaniose no animal, oferecem ao tutor a
“opção” dele próprio fazer o dispendioso tratamento ou então seu animal deve
ser deixado e exterminado. Grande parte dos tutores não pode arcar
financeiramente com o tratamento. Seria razoável que as prefeituras
exterminassem crianças humanas de famílias de baixa renda por estas não poderem
custear tratamentos? Óbvio que não, e não há porque pensar diferente em relação
aos animais não humanos. Com a transferência da responsabilidade da “decisão”
para o tutor, as prefeituras procuram se eximir da responsabilidade pela morte
dos bichos, oferecendo uma “escolha” impossível de ser feita por muitos
tutores, carentes de recursos financeiros. Isto acaba, na prática,
representando uma velada, odiosa e elitista política de extermínio contra os
cães de tutores de baixa renda. Cabe às prefeituras oferecerem alternativa
acessível para o tratamento e, caso isto não ocorra, resta aos tutores
acionarem judicialmente todas as prefeituras que oferecem esta “escolha”
impossível. Lembrando que os fortes laços dos tutores com os animais os fazem
temer que seus bichos sejam abatidos pelas prefeituras e, por isto, estes
acabam deixando de submeter os animais aos necessários exames, agravando a
questão de saúde pública, além da condição de saúde do próprio animal e de
todos em seu entorno.
A EUTANÁSIA é um
ato de caráter misericordioso e que deve atender aos interesses de quem o
sofre, e não aos interesses de quem o pratica. Só pode ser chamado de
“eutanásia” o ato de abreviar a vida de um animal com doença incurável e em
estado irreversível de sofrimento. Os órgãos públicos de saúde disseminaram o
entendimento errado do termo “eutanásia” a fim de tentar minimizar a
IMORALIDADE de suas ações de extermínio. Infelizmente, até mesmo protetores
usam erradamente esta terminologia.
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