O ministro se opôs à
medida atual, que prevê redução de 90% do desmatamento no país, e propôs que
apenas 390 mil hectares da Amazônia sejam preservados. Os demais biomas não são
considerados pela proposta de Salles.
(FOTO: MARCOS CORRÊA/PR)
O ministro do Meio Ambiente, Ricardo
Salles, quer interferir na meta de redução do desmatamento ambiental na
Amazônia e em outros biomas brasileiros. O Plano Plurianual (PPA) define que a
devastação deve ser reduzida em 90% até 2023. O objetivo de Salles é driblar
essa previsão para seguir com o desmonte ambiental que tem promovido desde que
passou a comandar o ministério.
Salles propôs que apenas 390 mil
hectares da Amazônia sejam preservados em quatro anos através do programa
Floresta+ Amazônia. O novo projeto, que ainda põe fim às metas para os outros
biomas, encontrou resistência dentro do próprio governo. A equipe do ministro
da Economia, Paulo Guedes, rejeitou o pedido de Salles, classificado por ele
como “urgente”.
“Tem-se que a meta proposta para o combate
ao desmatamento e incêndio florestal no País objetiva proteger 0,07% da
cobertura florestal amazônica com um projeto piloto de pagamento de serviços
ambientais da floresta. Dessa maneira, acreditamos que o Programa Floresta+ é
relevante, porém insuficiente”, diz nota do Ministério da Economia
A pequena quantidade de hectares estabelecida por Salles para
receber proteção corresponde a cerca de um terço da região desmatada na
Amazônia de julho de 2018 a agosto de 2019, quando 1 milhão de hectares foram
destruídos, segundo o Inpe.
O deputado Rodrigo Agostinho
(PSB-SP), presidente do colegiado até 2019, afirmou ao Estadão que o
“ministério não vai conseguir os 90%” de redução do desmatamento propostos no
Plano Plurianual (PPA) porque “sequer há um plano de combate ao desmatamento”.
No entanto, o parlamentar reforçou que a nova proposta de Salles é um absurdo.
Ele reforça que o Programa Floresta+ tem pouca transparência. “Ninguém sabe
como vai ser feito, quem vai receber o dinheiro, como vai ser nos anos seguintes,
onde vai ser aplicado”, reforçou.
De acordo com a equipe
econômica, mudanças no PPA poderão ser discutidas em meados de agosto, mas
terão que ser avisadas ao Congresso. Para ser alterado, ainda segundo o
Ministério da Economia, o texto precisará ser mais abrangente.
“Talvez seja o caso de se
adotar meta mais abrangente e envolver outros órgãos no programa,
transformando-o em multissetorial. Em suma, o desenho deste programa terá de
ser discutido no processo de revisão do PPA 2020-2023, previsto para ocorrer a
partir de meados de agosto de 2020”, diz o Ministério em nota.
Coordenadora de políticas
públicas do Greenpeace, Mariana Mota afirmou ao Estadão que “as escolhas
do governo só nos levam para o enfraquecimento da capacidade dos órgãos,
estruturas e equipes responsáveis pela proteção e preservação do meio ambiente
operarem no país.”
Ao ser questionado pelo
jornal sobre a sugestão de alteração na meta de preservação ambiental, o
Ministério do Meio Ambiente se limitou a dizer que “acordou com a Economia
apenas o detalhamento e a transversalidade da meta”.
Fonte: anda.jor.br
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