A Polícia Militar do Distrito Federal informou, na quarta-feira (5), que afastou o comandante do Batalhão Ambiental, Joaquim Elias Costa Paulino, e o capitão Cristiano Dosualdo Rocha, que também pertence ao batalhão. Os dois foram transferidos para a área administrativa.
Segundo a PM, eles são suspeitos de atrapalhar
as investigações sobre tráfico de animais. De acordo com a corporação,
“tal ação foi solicitada pelo Departamento de Controle e Correição da PMDF,
visando dar transparência às apurações”.
A apuração começou após o
estudante de medicina veterinária Pedro Henrique Santos Krambeck Lehmkuhl ser
picado por uma naja, em 7 de julho.
O padrasto de Pedro, Eduardo Condi, é tenente-coronel da PM e
foi alvo de uma operação da Polícia Civil. Na noite seguinte ao acidente com a
naja, enquanto o estudante permanecia em coma, a cobra foi encontrada
perto de um shopping, no Lago Sul.
De acordo com a Polícia Civil, imagens do circuito interno do
shopping mostram que a Polícia Militar Ambiental chegou ao local um
minuto depois da serpente ser abandonada. Os investigadores apuram se os
PMs agiram para proteger os alvos da investigação.
Coronel da PM, padrasto de estudante picado por naja no DF, é
alvo de operação contra tráfico de animais
Corregedoria da PM investiga militares suspeitos de envolvimento
em esquema de tráfico de animais no DF
Após o afastamento, o major Joaquim Elias questionou o motivo da
exoneração. “Por que exoneraram quem descobriu e apreendeu os animais e que
estragou a rede de tráfico internacional de animais aqui no DF? Quem está
lucrando com minha exoneração?”, disse ele.
“Tem oficiais parentes dos
envolvidos diretamente com as cobras. Será que vão ter coragem de exonerá-los
também? Isso só são questionamentos”, afirmou o comandante exonerado.
Relembre o caso
Pedro Henrique Santos Krambeck Lehmkul, de 22 anos, foi picado por uma naja no
dia 7 de julho. A cobra é uma das mais venenosas do mundo e não havia soro
antiofídico no Distrito Federal.
Os médicos e a família do estudante precisaram pedir o antídoto
para o Instituto Butantan, em São Paulo – único local que tinha o soro no
país, para pesquisa. Pedro entrou em coma e correu risco de vida.
Segundo a Polícia Civil, o jovem criava a cobra em casa ilegalmente
e tinha, pelo menos, 18 serpentes. A mãe e o padrasto de Pedro prestaram
depoimento disseram que sabiam sobre a criação ilegal das serpentes.
Após o
incidente com a naja, a polícia intensificou as investigações sobre a criação
ilegal de espécies exóticas no DF. Segundo a corporação, o caso revelou um
esquema de tráfico de animais com prováveis ramificações internacionais.
De acordo
com a Delegacia Especial de Proteção ao Meio Ambiente (Dema), os animais tem
origem da Ásia e da África e entram no Brasil clandestinamente, por portos e
aeroportos. Segundo os policiais, eles costumam ser trazidos ainda filhotes, o
que facilita a ocultação das espécies. Depois, se reproduzem no
país.
No dia 17 de
julho, o Ibama informou que afastou um servidor do Centro de Triagem de Animais
Silvestres (Cetas) suspeito de envolvimento no caso. De acordo com o instituto,
foi instaurado um processo administrativo disciplinar interno para investigar a
suposta participação de servidor.
Já no dia 23
de julho, a Justiça Federal de Brasília mandou o Ibama afastar uma servidora,
suspeita de envolvimento em um esquema de tráfico internacional de animais
silvestres e exóticos.
Pedro
Henrique Santos Krambeck Lehmkul foi preso no dia 29 de julho. Dois dias
depois, o estudante foi solto, mediante habeas corpus.
Por
Afonso Ferreira e Isabella Melo
Foto:
arquivo pessoal
Fonte: G1
Nenhum comentário:
Postar um comentário