Por Eliane
Arakaki, ANDA
Há vinte anos o Dia Internacional dos
Direitos Animais (DIDA) é celebrado no mundo todo dia 10 de dezembro. A data
não foi escolhida por acaso, nestes mesmos dia e mês, em 1948, a ONU ratificou
a Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Desde de 1998 e graças a uma campanha
internacional da ONG inglesa Uncaged (fora
das celas, na tradução livre), os animais são lembrados como possuidores de
direitos. Infelizmente na prática, esses direitos são ignorados e violados
constantemente.
Os animais são capazes de sentir e
sofrer como os humanos (senciência), fato comprovado pela ciência e já vigente
em algumas legislações pelo mundo, porém, vivem sob ameaça de morte constante,
são caçados e comidos, tratados como produtos, vendidos e comprados e sua
liberdade é cerceada em todos os sentidos. Ter seus direitos reconhecidos e
validados é algo que, infelizmente, ainda existe apenas no papel.
Esta data simboliza acima de tudo uma
luta. A luta em prol de todos os animais, a luta por seu reconhecimento como
sujeitos de direito, uma luta para que suas mortes sejam consideradas
assassinatos e punidas de acordo, uma luta por seu direito à liberdade, sem
viver trancafiados em jaulas, sem ter seus habitats destruídos, sem ser caçados
por pedaços de seus corpos ou servir de entretenimento para humanos. Uma luta
pela vida.
Na Declaração Universal dos Direitos
Humanos de 1948, documento redigido a pedido da recém-criada ONU e em seguida
adotado e celebrado mundialmente, o ser humano é protegido em sua
individualidade e especificidade contra qualquer tipo de abuso que possa lhe
descaracterizar como um sujeito moral.
Após as atrocidades cometidas na
Segunda Guerra Mundial, ainda abalados sob o jugo dos inúmeras mortes e
destruição em massa que o conflito gerou, líderes mundiais entenderam que seria
de suma importância criar um documento em que o ser humano fosse protegido de
possíveis abusos.
Entretanto, só duas décadas depois os
animais começaram a receber atenção semelhante. Em 1978, a Declaração Universal
dos Direitos Animais foi levada à UNESCO e, vinte anos depois, em 1998, os
animais passaram a ser lembrados também em 10 de dezembro.
No Brasil, embora muito se fale e
proclame em bandeiras políticas e sociais de justiça e amor pelos animais, o
país padece de carência absoluta em cuidados, proteção e legislação competente
por nossos companheiros de planeta. Hospitais veterinários públicos, santuários
para acolhimento, autoridades específicas responsáveis, leis mais duras, verbas
consistentes, conscientização pública efetiva, são apenas alguns dos itens que
constam na longa lista de necessidades para um olhar ético e justo sobre os
animais.
Um recente e ainda pulsante exemplo
de violação dos direitos animais foi o caso da cadela Manchinha,
crime que teve as imagens do caso divulgadas nas redes sociais e posteriormente
nas emissoras de televisão e jornais. O animal indefeso foi espancado por um
segurança da rede dentro do supermercado Carrefour em
Osasco e morreu posteriormente em função dos ferimentos. Flagrante
assustador de crueldade gratuita e desprezo pela vida.
Mais de doze mil pessoas confirmaram
presença via internet no evento, a loja teve que fechar as portas no dia da
manifestação, manifestantes de todos os lugares vestidos de preto e carregando
cartazes e flores lotaram o estacionamento e as ruas vizinhas ao mercado e interromperam
o trânsito de forma pacífica na Avenida dos Autonomistas, onde fica o Carrefour
Osasco. O evento contou com cobertura total da mídia e dos principais veículos
de notícias.
A sociedade se viu pega de surpresa
por tamanha força de mobilização e união da causa animal, que trouxe à tona uma
agenda nova de discursos sobre igualdade e compaixão que requerem atenção e
compromisso dos governantes.
Assim como a Declaração Universal dos
Direitos Humanos foi criada na esteira de um pós guerra dolorido e chocante, a
Declaração dos Direitos Animais surge após eras de sofrimento animal
ininterrupto e mesmo após proclamada mundialmente, e contando com um dia como
símbolo, os animais ainda padecem duramente pela falta dos direitos básicos,
como o direito à vida.
Possa este vigésimo Dia Internacional
dos Direitos Animais trazer as reflexões e mudanças tão necessárias e urgentes
aos animais, pois assim como os seres humanos, eles precisam – de fato –
receber o respeito do qual são dignos e detentores naturais.
Fotos: | Reprodução Facebook Iracema Lima
Fonte: anda.jor.br


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