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segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

Vigésimo Dia Internacional dos Direitos Animais traz reflexões e necessidade de mudança


Por Eliane Arakaki, ANDA

Há vinte anos o Dia Internacional dos Direitos Animais (DIDA) é celebrado no mundo todo dia 10 de dezembro. A data não foi escolhida por acaso, nestes mesmos dia e mês, em 1948, a ONU ratificou a Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Desde de 1998 e graças a uma campanha internacional da ONG inglesa Uncaged (fora das celas, na tradução livre), os animais são lembrados como possuidores de direitos. Infelizmente na prática, esses direitos são ignorados e violados constantemente.

Os animais são capazes de sentir e sofrer como os humanos (senciência), fato comprovado pela ciência e já vigente em algumas legislações pelo mundo, porém, vivem sob ameaça de morte constante, são caçados e comidos, tratados como produtos, vendidos e comprados e sua liberdade é cerceada em todos os sentidos. Ter seus direitos reconhecidos e validados é algo que, infelizmente, ainda existe apenas no papel.
Esta data simboliza acima de tudo uma luta. A luta em prol de todos os animais, a luta por seu reconhecimento como sujeitos de direito, uma luta para que suas mortes sejam consideradas assassinatos e punidas de acordo, uma luta por seu direito à liberdade, sem viver trancafiados em jaulas, sem ter seus habitats destruídos, sem ser caçados por pedaços de seus corpos ou servir de entretenimento para humanos. Uma luta pela vida.
Na Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948, documento redigido a pedido da recém-criada ONU e em seguida adotado e celebrado mundialmente, o ser humano é protegido em sua individualidade e especificidade contra qualquer tipo de abuso que possa lhe descaracterizar como um sujeito moral.
Após as atrocidades cometidas na Segunda Guerra Mundial, ainda abalados sob o jugo dos inúmeras mortes e destruição em massa que o conflito gerou, líderes mundiais entenderam que seria de suma importância criar um documento em que o ser humano fosse protegido de possíveis abusos.
Entretanto, só duas décadas depois os animais começaram a receber atenção semelhante. Em 1978, a Declaração Universal dos Direitos Animais foi levada à UNESCO e, vinte anos depois, em 1998, os animais passaram a ser lembrados também em 10 de dezembro.
No Brasil, embora muito se fale e proclame em bandeiras políticas e sociais de justiça e amor pelos animais, o país padece de carência absoluta em cuidados, proteção e legislação competente por nossos companheiros de planeta. Hospitais veterinários públicos, santuários para acolhimento, autoridades específicas responsáveis, leis mais duras, verbas consistentes, conscientização pública efetiva, são apenas alguns dos itens que constam na longa lista de necessidades para um olhar ético e justo sobre os animais.
Um recente e ainda pulsante exemplo de violação dos direitos animais foi o caso da cadela Manchinha, crime que teve as imagens do caso divulgadas nas redes sociais e posteriormente nas emissoras de televisão e jornais. O animal indefeso foi espancado por um segurança da rede dentro do supermercado Carrefour em Osasco e morreu posteriormente em função dos ferimentos. Flagrante assustador de crueldade gratuita e desprezo pela vida.
Mais de doze mil pessoas confirmaram presença via internet no evento, a loja teve que fechar as portas no dia da manifestação, manifestantes de todos os lugares vestidos de preto e carregando cartazes e flores lotaram o estacionamento e as ruas vizinhas ao mercado e interromperam o trânsito de forma pacífica na Avenida dos Autonomistas, onde fica o Carrefour Osasco. O evento contou com cobertura total da mídia e dos principais veículos de notícias.
A sociedade se viu pega de surpresa por tamanha força de mobilização e união da causa animal, que trouxe à tona uma agenda nova de discursos sobre igualdade e compaixão que requerem atenção e compromisso dos governantes.
Assim como a Declaração Universal dos Direitos Humanos foi criada na esteira de um pós guerra dolorido e chocante, a Declaração dos Direitos Animais surge após eras de sofrimento animal ininterrupto e mesmo após proclamada mundialmente, e contando com um dia como símbolo, os animais ainda padecem duramente pela falta dos direitos básicos, como o direito à vida.
Possa este vigésimo Dia Internacional dos Direitos Animais trazer as reflexões e mudanças tão necessárias e urgentes aos animais, pois assim como os seres humanos, eles precisam – de fato – receber o respeito do qual são dignos e detentores naturais.
Fotos: | Reprodução Facebook Iracema Lima
Fonte: anda.jor.br

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