Na Rua Dom João VI e arredores, no
Cajuru, em Curitiba, PR, moradores e cachorros estão com papéis invertidos. Não
são mais os cães que fazem guarda para garantir a segurança dos tutores. São os
tutores que têm de ficar atentos para que os cães não morram. “Meu marido
acorda duas vezes por noite para ver se está tudo bem com os cachorros”, conta
a técnica agrícola Genilda Cancela, 47 anos, tutora de três cães. Moradora da
rua paralela à Dom João VI, Genilda teve um pit bull morto por envenenamento há
um ano. “Encontrei o cachorro vomitando e nem deu tempo de levar ao
veterinário”, recorda.
Desde 2005, aproximadamente 40
animais morreram na região com os mesmos sintomas: vômito, dificuldade de
respirar, salivação excessiva, diarreia e presença de sangue na urina e nas
fezes, o que indica envenenamento. É comum os moradores encontrarem nos
quintais e ruas bolas de carne, linguiças e embutidos sempre recheados com uma
substância preta – provavelmente o popular chumbinho, veneno para matar ratos
cuja venda é proibida.
“Da última vez, ouvi um barulho no
telhado e fui ver o que era. Vi minha cadela lambendo uma bola de carne
congelada. Sorte que ela não comeu”, afirma o funcionário público Fernando de
Freitas, 60 anos, que já havia perdido outra cadela por envenenamento.
O caso mais recente foi o do poodle
da professora Helen Bozza – o terceiro cachorro dela morto por envenenamento
desde 2005. “Depois que o cachorro morreu, encontrei uma bola de carne em
frente de casa”, afirma. Já a dona de casa Adalgisa da Silva, 46 anos, que
também teve um animal morto, teme não só por seus dois cães, mas também pelo
filho, de 3 anos. “Não quero nem pensar se meu filho encontrasse uma dessas
bolas de carne e pusesse na boca”, diz.
O comerciante Luiz Carlos Weber
Sobrinho, 55 anos, desistiu de ter cachorros. “A gente se apega ao bicho e aí
vem alguém e faz isso. É muito triste”, lamenta o comerciante, cuja cadela não
resistiu ao segundo envenenamento em um ano, falecendo em novembro.
Denúncia
Apesar dos 40 cachorros mortos,
apenas uma moradora fez denúncia à polícia. As vítimas têm um suspeito, mas
temem retaliações. Superintendente da Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente,
Edson Vieira enfatiza que sem a denúncia não há como a polícia investigar. Para
fazer a denúncia é recomendável levar à delegacia um laudo de um veterinário
constatando a intoxicação. O promotor de Justiça Sérgio Luiz Cordoni, da
Promotoria do Meio Ambiente, explica que a pena para maus-tratos a animais pode
chegar a um ano e quatro meses de prisão se o animal morrer.
Serviço
Serviço
Em Curitiba, denúncias de maus-tratos
a animais devem ser feitas na Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (Av.
Erasto Gaertner, 1.261, Bacacheri). Telefone: (41) 3356-7047.
Fonte e foto : Gazeta do Povo
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