Imagens de felino com esporitricose
na mão . (Fonte : Almeida et al., 2018)
Pelo impacto zoosanitário, a
prioridade é prevenção.
Com grande importância sanitária e de
bem-estar animal, a esporotricose, doença dermatológica causada por um tipo de
fungo que habita naturalmente alguns solos, troncos de árvores e vegetações
envelhecidas em climas tropicais, tem chamado atenção de médicos veterinários
em Alagoas tanto nos serviços públicos quanto privados e merece atenção
governamental para o enfrentamento preventivo desta doença que também é
zoonose, (doença capaz de ser transmitida do animal ao homem).
Esporotricose é doença ocupacional e
muito comum em pessoas que exercem atividade profissionais ligadas ao solo como
jardinagem, por exemplo; além de médicos veterinários, estagiários e tratadores
de animais infectados por esporotricose em seu ofício.
Acidentalmente, as infecções ocorrem
tanto para pessoas quanto para animais, através de perfurações na pele por
objetos traumáticos como lascas de madeira, arame farpado, que esteja em
contato com o solo onde o fungo habita.
Na epidemiologia da transmissão da
doença, o felino doméstico ocupa posição que preocupa, devido as suas
particularidades comportamentais de afiar unhas em troncos de árvores e de
escavar o solo para aterrar suas fezes e urina, o que acaba por abrigar o fungo
em suas unhas e acidentalmente, em situações de arranhões, transmitir o fungo a
si próprio (autoinfecção), a outros animais e a pessoas em momentos de manejo.
Em humanos a doença chega a
proporções aberrante de feridas ulceradas na pele e grande absenteísmo devido
ao prolongado tempo de infecção o que a torna doença crônica e de difícil
tratamento.
Em animais o aspecto também é crítico
e normalmente a cabeça e braços é a parte mais afetada, onde é possível
verificar feridas ulceradas e sanguinolentas.
Políticas públicas sobre
esporotricose em Alagoas:
Uma publicação científica da ufal em
2014, já sinalizava que o fungo é presente em Alagoas e há caráter acidental
zoonótico.
Atualmente, médicos veterinários têm observado aumento nos diagnósticos e dado
a realidade de elevada presença de colônias de felinos domésticos em vida livre
a intensa atividade de proteção animal civil, com pouca atenção governamental,
a médica veterinária Evelynne Marques de Melo-Doutoranda em Políticas Públicas
SOTEPP-UNIT-AL nos lembra que o assunto pede por instituição das principais
políticas públicas para o enfrentamento a doença, que são:
Foto> arquivo pessoal( dra Evelynne Marques )
1-Prioridade na política de
investimento financeiro para programas de castração em massa e permanentes
(porque quanto menos felinos nascem, menos indivíduos infectados) e essa
política deve vir alinhada a política pública do método CED-Captura, esteriliza
e Devolve, que é um método importante para impedir procriação de felinos que
estão em vida livre, gerando menos descendentes enquanto eles atingem suas
expectativas de vida sem se reproduzir;
2- Política pública do reconhecimento do cão e do gato comunitário, onde o
cidadão torna-se parceiro na vigilância e cuidados para com os animais que
habitam ambiente coletivos como praças, ruas, parques, estacionamentos de
lojas, campus universitários por exemplo;
3-Política de educação ambiental, que é o meio mais eficaz de ensinar as
pessoas os cuidados básicos com a criação de cães e gatos, incluindo
principalmente as noções de manejo que previnem doenças, tal como a
esporotricose;
4-Política de incineração de cadáveres de animais infectados, pois uma vez o
agente causal da doença ser um fungo que é natural do solo, os felinos mortos,
não devem ser enterrados porque isso potencializa o fungo no local, no bairro
onde for enterrado. O recomendado por segurança sanitária é a incineração e o
poder público deve se organizar para dar suporte a população neste sentido,
tanto orientando quanto recepcionando o cadáver uma vez que se trata de
zoonose.
Obs.: é muito comum populares no Brasil descartarem cadáveres de animais em
lixões e pelo valor sentimento também enterrarem no jardim das residências;
isso merece atenção através de orientações e educação ambiental.
Tratamento:
A doença exige terapêutica com antifúngico e tem duração de meses ate a cura. O
tratamento com felinos é delicado e necessita de manejo técnico adaptado para
isolamento e prevenção contra mordidas e arranhões dos que serão os cuidadores.
Atenção a prevenção básica:
Pessoas que trabalham com jardinagem devem usar luvas ao manter contato com o
solo. Tratadores e cuidadores de animais devem manejar felinos com cuidado
evitando ser arranhado ou mordidos.
Não dar banho em gatos recém resgatados da via pública, como forma de evitar se
arranhado ou mordido e sempre levar o animal antes a um médico veterinário;
Todos devem proteger suas mãos em caso de ferimentos já presentes enviando
contato com o solo ou animais com feridas na pele.
Tutores de gatos não devem usar areia ou terra de jardim para as caixas de
areia dos felinos em residência. Devem comprar areia higiênica específica para
essa finalidade.
Pesquisas e ambiente político:
Atualmente a UFAL desenvolve pesquisa no Mestrado Ciência animal voltada a
esporotricose felina. Gestores públicos e políticos devem se manter em contato
com ambiente técnico a fim de alinhar as necessidades de atuação.
Para a médica veterinária Maria Clara
Carlos, que atua em serviço público, é importante destacar que todo felino que
apresente lesões sugestivas de esporotricose deve ser avaliado pelo médico
veterinário. E destaca que a unidade de vigilância em zoonoses dispõe de
atendimento ambulatorial de triagem para recepção dos animais com suspeita de
zoonoses, onde é realizado o exame para confirmação da doença. “A cada
atendimento que faço na Uvz fica evidente a falta de conhecimento da população
sobre a doença. Isso é grave, pois deve-se ter todo um cuidado ao manejar
animais suspeitos ou já diagnosticados. É urgente que se faça a conscientização
da população sobre a doença através de campanhas educativas permanentes nas
escolas, programas de rádio e tv, redes sociais e afins”, conclui.
Fonte:
alagoasdeverdade.com.br
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