Foto:
Yasmim Eble
Ao entrar no Museu da Bicicleta de
Joinville, além da visão do acervo municipal, é impossível não reparar em uma
pequena bola de pelos normalmente deitada nos sofás dispostos no salão
principal. Essa é Nice, a gata que vive há mais de 14 anos no museu.
O nome dela nasceu de “missie”,
expressão utilizada para se referir a gatos. Por diversos funcionários não
entenderem o nome, o derivado “Nice” nasceu.
A gatinha é celebridade entre os
visitantes e os servidores públicos, que adotaram Nice como parte da “família”.
Essa história iniciou em meados de 2008 e é feita por meio de memórias orais,
passadas de funcionário para funcionário.
Ingrid Muniz, especialista cultural
do Museu, entrou no cargo em 2008. À época, uma gata abandonada criou diversos
filhotes perto dos trilhos do trem na redondeza. Nice seria um desses filhotes.
“Diziam que nessa ninhada vários gatos tinham pelagem de siamês e a Nice era a
única diferente. Então, enquanto os outros foram adotados, ela ficou”, relata.
Segundo essa versão, ela teria ficado
nos arredores do Museu durante um tempo até que os funcionários começassem a
dar ração e restos de comida para o animal. Outra história, contada para André
Felipe Meyer, assistente cultural do Museu, e por uma vigilante do local, diz
que Nice foi um dos animais abandonados em um saco com outros filhotes.
“Essa foi a primeira vez que ouvi
falar da Nice. É como se a história da criação do museu e dela fossem
interligadas porque aconteceram em conjunto”, relata André. Por ser,
infelizmente, um local de muito abandono de animais, Nice foi uma dos diversos
animais deixados no local.
Nessa versão, Nice também passou a
frequentar o espaço após receber atenção, carinho e comida dos funcionários.
“No fim, ela escolheu a gente. E sempre escolhe permanecer aqui”, ressalta
André.
A família de Nice
A primeira “mãe” de Nice foi uma das
funcionárias do local, chamada Aline. Segundo Ingrid, foi Aline quem começou a
cuidar da gata. “Ela levou a Nice para castrar, colocou microchip e vacinou.
Ela defendia essa gata como se fosse dela”, conta. Antes disso, Nice vivia
daquilo que as pessoas davam e do que caçava.
Foi então que os funcionários
começaram a se organizar para comprar ração e manter os cuidados de Nice, que
tem idade estimada de 15 anos. Antes de ser castrada, a gatinha chegou a ter
duas ninhadas. Alguns dos filhotes ficaram com servidores públicos do museu.
Atualmente, a “mãe” de Nice é Juliana
Valentim, que trabalha na área administrativa do local. Ela organiza as
arrecadações e o que a gatinha irá comer. “Como ela tem mais idade e é
castrada, damos ração premium para ela. Durante a pandemia, eu levei ela para a
minha casa”, conta.
Com a pandemia de Covid-19, em 2020,
a instrução era fechar os museus e outros espaços em Joinville e no restante do
país. Com isso, para que Nice não ficasse sozinha, Juliana a levou para casa.
Ela também dorme dentro do museu e todos os funcionários sempre verificam se
ela está na instituição antes do local ser fechado.
“É engraçado, pois já tive situações
em que eu estava passando pelo museu e vi um gato muito parecido com ela. Eu
tive que parar para ver se não era ela e colocá-la para dentro. É um instinto
de proteção”, conta Juliana.
Para André, o apego é muito grande.
Tanto que todos estão acostumados com as manias de Nice. “Ela dorme em qualquer
lugar e é impossível tirá-la de lá. Além disso, ela só come quando a gente faz
carinho nela”, lembra.
Ingrid relata que chegar no museu e
ver Nice faz parte da sua rotina. “Eu sei que quando abrir a porta ela estará
lá e isso conforta. Faz o trabalho ser mais calmo”, conta. Essa preocupação é
sentida por todos os funcionários do espaço.
Amada pelos visitantes
Nice também é muito dócil e, por
conta disso, é uma atração para os visitantes. “Há visitantes específicos que
vêm até o local para vê-la e passar um tempo vendo o acervo. E é incrível que
ela já se acostumou com isso”, conta Juliana.
Para eles, Nice já se tornou parte da
memória de diversas pessoas e joinvilenses que passaram pelo local. “Cogitamos
também a ideia de criar um blog faz alguns anos. Atualmente pensamos em um
Instagram, para compartilhar as memórias dela”, completa Ingrid.
Fonte: O Município
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