Centenas
de pessoas se reuniram em frente à praça de touros Las Ventas, em Madri, no
último dia 18, para o comício “Missão de Abolição” em protesto contra as
touradas na Espanha.
O protesto,
organizado pelo partido político dos direitos dos animais PACMA, movimentou-se
pelas ruas da capital espanhola com uma multidão que acenava lenços verdes e
cantava refrões, como “Tortura não é arte nem cultura” e “Pare com a tortura,
isto não é cultura”.
A tourada é uma tradição emblemática para a Espanha, mas que tem
perdido amplamente o consenso entre o público. Uma pesquisa da Electomania de
2020 constatou que apenas 18,6% dos entrevistados queriam manter a tradição.
Entretanto, apesar de 46,7% apoiarem a proibição legal das
touradas, 34,7% disseram que, embora não apoiassem as touradas, também não
aprovariam a proibição.
O debate em torno das touradas na Espanha tem sido muito
controverso há pelo menos duas décadas.
Em 2010, o governo da Catalunha tentou proibir as touradas na
região, mas o governo espanhol anulou a decisão em 2016, quando o tribunal
constitucional espanhol determinou que as touradas faziam parte do patrimônio
cultural da Espanha e deveriam ser protegidas como tal.
Em 2020, o lobby da tourada espanhola solicitou que a prática
fosse reconhecida pela UNESCO como um “patrimônio cultural com necessidade
urgente de proteção”, mas a organização rejeitou o pedido.
Os ativistas dos direitos dos animais celebraram essa decisão.
“É uma verdadeira
aberração, e acho incrível que no século 21 e no ano em que estamos, tudo isso
continue a ser promovido, e com dinheiro público, quando se sabe que há uma
porcentagem maior de pessoas contra as touradas do que a favor hoje em dia”,
disse a manifestante Natalia Rodríguez aos repórteres da AFP no último dia 18.
“A cultura tem muitas coisas boas, todas elas, mas é claro que
touradas, matar, para mim não é arte. É matar, é assassinato, é tortura, e isso
não é arte de forma alguma”, disse a manifestante Olga Feito.
As regulamentações em
torno dos direitos dos animais na Espanha também apresentam lacunas.
“Não existe uma lei-quadro nacional que regulamente a proteção e
o bem-estar dos animais, mas em todas as regiões autônomas, em todas as regras
locais que regulamentam o bem-estar e os direitos dos animais, as touradas são
excluídas”, explicou Cristina García, advogada especializada em direito animal
e membro do PACMA.
“Em outras palavras, a sensibilidade dos animais e sua
capacidade de sofrer é reconhecida, mas ao mesmo tempo se faz esta exclusão.
Isto é uma contradição absoluta, não faz sentido nenhum”.
Os manifestantes pediram a abolição de uma prática que chamaram
de “uma atividade sangrenta que denigre a imagem de nosso país”.
Por Giulia Carbonaro / Traduzido por Ana Carolina Figueiredo
Fonte e foto: CGTN



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