O mundo moderno é rápido e distrativo. Telas de celulares ditam nosso ponto de vista e qual o próximo destino de uma corrida eterna, sem um ponto de chegada definitivo, cegando a população com uma promessa vazia, tirando da humanidade a sua principal característica: ser humano.
Animais vivem nas ruas dia após dia, negligenciados e ignorados por
milhares de seres humanos, que fissurados em uma meta incerta, ignoram vidas
necessitadas. Este é a história de vida da Margarida, uma cadelinha inocente
que sobreviveu de maneira invisível por anos a fio.
O animal foi encontrado em situação lastimável por moradores da cidade
de São Vicente, litoral paulista, no bairro Vila Margarida. Amarrada em uma
coleira quase irreconhecível, com pelos grandes e emaranhados, o cão estava à
beira da morte, imóvel e esperando seu último suspiro.
Após identificarem que aquele montante de pelos era de fato um
animal, a ONG Viva Bicho Santos foi acionada para o resgate, que ocorreu na
última semana (14 de setembro).
“Resgatamos Margarida
assim, sem diferenciar o que é cabeça, o que é pata, o que é rabo. É um
emaranhado de pelos, sujeira, cabelos, e até pequenos lixos. Em sua pele por
baixo desses pelos grudados, andavam insetos que nunca vimos na vida. Seu
cheiro era de, desculpem o termo, morte. Quem a encontrasse dormindo na rua com
toda certeza acharia que era um cadáver”, desabafaram protetores da ONG.
A coleira de Margarida, nome dado ao animal, estava grudada em sua
pele, pois com o passar do tempo, de anos a fio sem o mínimo cuidado possível,
o tecido fundiu com sua derme: “Ao puxarmos a coleira, a pele veio junto,
apodrecida”.
A cadelinha também estava
com as patas traseiras amarradas em uma linha, que a impedia de andar de
maneira correta.
Após o resgate, foram necessários o uso de sedativos para a tosa,
pois a dor era inimaginável. O animal não conseguia ser tocado sem chorar e foi
constatado que a pele estava totalmente infeccionada, com insetos e resíduos de
lixo.
“Ela chegou tímida, sem esboçar qualquer expressão, mas assim que
entendeu que estávamos ajudando, inexplicavelmente Margarida começou a nos
agradecer da forma linda do mundo: abanando o rabinho”.
O primeiro banho do
animal comoveu os protetores e veterinários, a água que saia de seu corpo era
preta, com cheiro fétido e quase insuportável: “Aquela água preta não carregava
apenas sujeira, carregava sofrimento, traumas e uma história de terror até
então invisível”.
Hoje, Margarida passa por recuperação, pela primeira vez, recebendo
atenção, afeto e cuidado. A negligência e a sensação de ser invisível não fazem
mais parte de sua vida. “Por enquanto vamos fazendo a nossa parte que é mostrar
a ela que humanos podem sim fazer o bem”.
Fotos:ONG Viva Bicho Santos
Por Amanda Oliver
Fonte: Costa Norte


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