Mariana Dandara | Redação ANDA
Foto: Fernando Faciole
A seca severa que
atinge o Pantanal, resultado das mudanças climáticas provocadas pela ação
humana, condenaram o cavalo Branquinho ao sofrimento. A morte, para ele, veio
como a única chance de por fim à debilidade que tomava conta de seu corpo
frágil. Encontrado pela equipe do Grupo de Resgates de Animais em Desastres
(GRAD), ele ganhou uma banana para se deliciar com o sabor da fruta antes de
ser sacrificado.
O procedimento de
morte induzida ao qual Branquinho foi submetido é, para a médica veterinária
Carla Sássi, um sacrifício necessário, já que o estado de saúde do animal era
grave. Diante da dor de ter que se deparar com as devastadoras consequências da
seca, a profissional fez um desabafo.
“A seca mata tudo… mata planta, mata bicho,
mata esperança. Quando o fogo severo agrava a seca, a vitória fica cada vez
mais distante. Branquinho, um cavalo idoso, morador do Pantanal. A seca o
deixou fraco, faminto, esquelético. Não teve forças para receber nossa ajuda.
Nos restou a chance de deixá-lo descansar”, lamentou.
Foto: Fernando Faciole
“Quem me conhece,
sabe da luta pelos cavalos vítimas de maus-tratos, e como isso faz parte da
minha vida. Branquinho não foi maltratado diretamente pelo bicho homem, mas
indiretamente sim, por tudo que não estamos fazendo pela sua casa, nosso
planeta”, completou.
Diante de tamanho
sofrimento, Carla, que é coordenadora do GRAD, fez o que estava ao seu alcance
para trazer um pouco de conforto ao cavalo em meio a um momento tão difícil: o
tratou com carinho e respeito, além de ter dado uma banana para ele se
deliciar.
“Me restou adoçar
sua boca, dei banana, para que partisse pelo menos com uma lembrança saborosa
da nossa equipe. Descansa Branquinho”, escreveu a coordenadora, que agradeceu
aos funcionários do Ibama, que participaram da ação, e aos membros do GRAD “por
toda a luta”.
Ariranhas resistem em meio à seca
A seca do Pantanal
tem ameaçado a sobrevivência de inúmeros animais. Além do cavalo sacrificado e
de centenas de jacarés realocados dentro do próprio bioma por uma
força-tarefa que os levou para locais onde há água e alimento, as
ariranhas também lutam pela sobrevivência no bioma degradado pelo fogo e pela
estiagem.
Biólogo e
fotógrafo, Fernando Faciole acompanhou de perto o sofrimento desses animais e
documentou o que tem sido vivido pela fauna pantaneira através de fotografias.
Uma delas (confira abaixo) mostra Juma, que, conforme relatado por
Faciole, “é uma das pouquíssimas ariranhas que vivem na Transpantaneira”, como
é conhecida a rodovia MT-060, situada no Pantanal de Mato Grosso.
Foto: Fernando Faciole
“Até o momento
foram identificados 5 indivíduos, incluindo o parceiro de Juma, o Pacato. Esses
animais estão isolados em um corixo com pouca água, tendo que andar mais de 2km
diariamente entre sua toca e corixo, comportamento incomum para a espécie”,
relatou.
“Conseguimos
encontrar a toca delas com o auxílio de cameras trap e agora estamos
monitorando para averiguar a situação. Durante os últimos dias, caminhões pipas
estão despejando milhares de litros de água no corixo para tentar combater a
seca”, completou o biólogo, que reforçou que a condição em que vivem as
ariranhas tem sido acompanhada pelas equipes do GRAD e do Projeto Ariranhas.
Fonte: anda.jor.br



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