Pages - Menu

quinta-feira, 2 de julho de 2020

O mistério dos 350 elefantes mortos no Botsuana

Mais de 350 elefantes morreram no norte do Botsuana. Uma morte em massa misteriosa e descrita pelos cientistas como um “desastre” de conservação que tem de ser explicado. “Os elefantes são ativos do país. São diamantes vagueando pelo Delta. É um desastre de conservação. O país está a falhar na proteção ao seu recurso mais valioso”, segundo Niall McCann, diretor do centro de conservação do National Park Rescue, no Reino Unido.

O diretor interino do departamento de vida selvagem e parques nacionais do Botswana justificou a demora com as restrições provocadas pela pandemia.”Estamos cientes dos elefantes que estão a morrer. Dos 350 animais, confirmamos 280. Ainda estamos no processo de confirmar o resto. Enviamos [amostras] para testes e esperamos os resultados nas próximas duas semanas”, disse Cyril Taolo ao Guardian.



O aglomerado de mortes foi relatado pela primeira vez no Delta do Cubango (património mundial), no início de maio. Eram 169. Em meados de junho, o número mais do que duplico e chegou aos 350. Desses, cerca 70% foram encontrados junto a poços de água. O governo do Botsuana ainda não testou amostras, portanto não é possível saber qual a origem das morte e se a água representa um risco para a saúde pública. “Quando temos uma extinção em massa de elefantes perto de zonas de habitação humana, numa época em que as doenças da vida selvagem estão muito na vanguarda, parece extraordinário que o governo não tenha enviado as amostras para um laboratório respeitável”, segundo o especialista britânico, que nunca viu “uma morte tão significativa” como esta sem ser em época de seca extrema.

O envenenamento por cianeto – usado por caçadores furtivos em alguns sítios – ou um patógeno desconhecido são agora apontados como possíveis culpados, depois do antraz – inicialmente considerado a causa mais provável – ter sido descartado. Relatórios locais dizem que houve menos abutres a atacar as carcaças do que o esperado, embora não haja sinais de comportamento anormal.

Testemunhas locais dizem ainda que os animais foram vistos a andar em círculos, o que indicaria que o sistema neurológica estava comprometido. “Se reparar nas carcaças, algumas caíram de rosto, indicando que morreram muito rapidamente. Outros estão obviamente morrendo mais devagar, como os que estão vagueando. Portanto, é muito difícil dizer o que é essa toxina “, disse McCann, explicando que o mistério se adensa a partir do momento em que são afetados animais de ambos os sexos e várias idades.

O verdadeiro número de mortes ainda não é conhecido, uma vez que as carcaças podem ser difíceis de detetar. Além disso não há relatos de mortes de elefantes nos países vizinhos. Existem cerca de 15 mil elefantes no Delta do Cubango, 10% do total do país. O ecoturismo contribui entre 10 e 12% do PIB do Botswana, que em fevereiro voltou a permitir a caça ao elefante.

Imagens aérea de vários elefantes mortos no Delta do Cubango. (Botswana)

Por Isaura Almeida

Fonte: Diário de Notícias / mantida a grafia lusitana original

 


Nenhum comentário:

Postar um comentário