Ao menos quatro organizações protetoras dos
direitos dos animais do Distrito Federal estão movendo um processo contra o
Iate Clube de Brasília. Na ação, a Associação
Protetora dos Animais do DF (Proanima), o Projeto Adoção São Francisco, a
Associação dos Protetores e Cuidadores de Animais do DF (Apran) e a Associação
Clube do Gato acusam a instituição de maus-tratos e pede para que seja liberada
novamente a entrada dos associados responsáveis por cuidar dos 48 gatos que
vivem nas dependências do centro de lazer.
A advogada responsável pelo caso, Ana Paula
Vasconcelos, falou ao Metrópoles que os animais vivem na área há muitos anos e
não podem ser adotados ou domesticados, pois são gatos que precisam viver no
meio ambiente. Ela informou ainda que, antes do início do decreto, reuniões
foram feitas com a participação de responsáveis pelo clube para tratar a
situação, mas nenhum acordo foi feito.
“Com esse decreto, eles viram a oportunidade de se
livrarem dos gatos. Nossa ideia não é violar as determinações do Governo do
Distrito Federal (GDF), apenas queremos cuidar dos animais. Pedimos ajuda a
pessoas que continuam trabalhando no clube, mas a diretoria proibiu que eles
levassem ração para os felinos”, acusa a advogada.
A polêmica envolve também uma associada do Iate
Clube Brasília que presta cuidados aos animais e está sendo impedida de
transitar no local desde o início da vigência do decreto do GDF, que fechou
clubes e academias para evitar a propagação da Covid-19.
“Eu iniciei esses cuidados com a ajuda do meu
marido e mesmo após a morte dele, sigo dando apoio aos bichinhos. Os gastos com
toda a alimentação e medicamentos são por minha conta. Eu não peço nada ao
clube”, aponta ela, que pediu para não ser identificada. “98% dos gatos que
vivem no local são castrados e vacinados. Acredito que sem os cuidados todos os
animais podem morrer dentro do período de 15 dias”, completa.
Representante da Associação do Clube do Gato,
Cecília Prado aponta que os animais que vivem na área não são passíveis de
domesticação e adoção, pois são ariscos. De acordo com ela, a Organização
Mundial da Saúde (OMS) recomenda que esses bichos sejam castrados e realocados
no ambiente em que vivem para ser feito um controle populacional.
“Retirar todos os animais do Iate Clube não
resolveria a questão, pois outros gatos não castrados iriam ocupar o local
novamente e o número de animais subiria consideravelmente. O Iate Clube não
percebe que ter uma população controlada e saudável não prejudica ou atrapalha
ninguém, diferente de outros locais da cidade”, afirma.
Outro lado
Em nota, o Iate Clube de Brasília informou que está
permitindo apenas o acesso de atividades vitais e prioritárias. De acordo com o
clube, os gatos que vivem no local não estão em sofrimento e estão sendo
alimentados com ração adequada, fornecida pelo clube. A instituição comunicou
ainda que está prestando todos os esclarecimentos à Justiça.
“É muito importante que se ressalte que a maior
prova da conduta humanitária do Iate é o fato de existirem gatos nas
instalações mesmo que o Estatuto do Iate não permita a criação de animais pelo
risco de transmissão de doenças e prejuízos ao patrimônio”, esclarece a nota.
Por Zilá Motta
Fonte e foto : Metrópoles
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