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domingo, 18 de novembro de 2018

Neymar, o cãozinho que ninguém queria adotar, vai viver com sua família: ‘Vamos cuidar dele até o fim’



Neymar é o mais antigo morador de um abrigo para cãezinhos abandonados em Campo Grande (MS). Já participou de feiras de adoção, viu vários cães irem embora com as novas famílias, mas ele ficou: Ninguém queria adotá-lo.
Ele tem um topete estiloso e seu brinquedo predileto é uma bola de futebol – por isso o nome. Neymar tem 9 anos e divide o espaço com mais 40 cães. Chegou a ser adotado, mas voltou para o canil, devolvido pela família. Após mais uma tentativa de adaptação com uma família que não deu certo, a presidente da ONG tomou uma decisão. Neymar não está mais disponível para adoção.
“Fizemos um teste saindo com ele, mas após nove anos na ONG, ele ficou trêmulo e amedrontado. A casa dele é aqui. Neymar é cuidado nesse lugar há anos, os laços dele são esses, vamos cuidar dele até o fim”, conta Valéria, uma das voluntárias da ONG.

Neymar é vira-latas, e como as voluntárias da ONG dizem, é “idosinho” e tem suas manias. No local, que é mantido com doações, o cãozinho tem o espaço dele, brinquedos que só ele brinca, e apesar de conviver bem com os demais, a ideia de colocá-lo para adoção era para que tivesse mais espaço.
Hoje ele não é mais tão ativo nas brincadeiras com os outros cães, gosta de ficar no canto dele, dentro da baia onde vive. A presidente da ONG que cuida do cachorrinho desde o começo, diz que ele só precisava de uma boa quantidade de amor e respeito, e que após muitas tentativas de adaptação, é no abrigo que ele se sente bem.

Um lar para cães abandonados
A presidente da ONG, Cleuza, mora sozinha em uma edícula dentro do abrigo. Ela saiu do emprego para cuidar dos cachorros, junto com Sueli, a amiga que fundou a instituição, falecida há alguns anos. Quando ela morreu, Cleuza passou a cuidar de tudo sozinha:
“Teve um dia que eu não tinha dinheiro para comprar comida nem pra mim e nem pra eles. Sentei nesse pátio no meio dos cachorros e chorei, chorei muito. Choro só de lembrar desse dia. Perguntei para a Sueli por que ela tinha me envolvido nessa causa, se eu não dava conta de cuidar. Foi aí que eu lembrei de uma amiga que nos ajudou lá no começo, liguei para ela, contei tudo, ela acionou outros voluntários e as doações nos salvaram”, relata, emocionada.
Cleuza não tem renda nenhuma, sobrevive das doações que a ONG Vira-Latas recebe: “Já deixei de comer para não faltar comida para eles, esses dias eu estava com a água cortada, não podia lavar nada. Tem dias que é desesperador, a gente não sabe como vai ser o dia de amanhã, do que vamos viver”.

Hoje, a conta de água da ONG é de R$8 mil: “O dinheiro que eu tenho é nosso. O que tem para a comida divido com eles, o dinheiro para a luz, para a água, meu tempo e meu cuidado, tudo. Só sei que eles precisam de mim e eu tenho que estar bem para cuidar deles”, conta.
Visita aos candidatos a tutores
Valéria é autônoma, mas o tempo livre que tem passa todo em função da Vira-latas. É ela que faz as visitas às famílias que se interessam em adotar os bichinhos: “Nós vamos conhecer o lugar e ver se a pessoa tem espaço, se tem condições de cuidar. Às vezes é alguém que quer muito adotar, mas já tem outros bichos e pode não ter como assumir mais um, apesar da boa vontade” explica.
Fotos: Jaqueline Naujorks
“Nós só encaminhamos eles às famílias quando temos certeza que será o melhor para o cachorro. Criamos um amor enorme por eles, e aqui temos certeza que estão bem cuidados, queremos ter a mesma certeza quando eles vão embora”, declara.
Foi Valéria quem avisou ao G1 que Neymar não está mais disponível para adoção. Para a voluntária, o lar dos animais é onde há amor e cuidado. “Ele é feliz aqui. Isso é o que importa para a gente, o bem estar real dos animais. Cleuza e Neymar tem amor e confiança recíprocos, vão passar a velhice juntos”, finaliza.
Fonte: G1


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