Assim como aconteceu no Natal, os
animais sofreram as terríveis consequências da soltura de fogos de artifício
com poluição sonora durante as comemorações de Ano Novo. Nas redes sociais,
inúmeros relatos de animais desaparecidos, feridos e até mortos foram feitos.
Uma publicação descrevendo a morte de
uma cadela viralizou no Facebook. “Perdi minha cachorra com os fogos. Nina
minha linda, princesa, meu anjo. Por favor, compartilhem para que um dia isso
acabe”, escreveu Nunes Tha, tutora da cadela.
Estrela, uma cadela comunitária que
vivia em Arroio Grande (RS), também perdeu a vida devido aos fogos. Assustada,
ela tentou se proteger entrando embaixo de um ônibus. O veículo saiu do local e
atropelou a cadela, que não resistiu. Em entrevista ao Diário Popular, uma
testemunha afirmou que Estrela não foi a única a se desesperar com os fogos.
Outros cães que vivem nas ruas também sofreram. “Pelo menos mais dois ou
três foram junto com a Estrela pra baixo do ônibus. O motorista não teve culpa
nenhuma. Quando ele foi embora percebemos que ela estava lá, esmagada, com os
órgãos pra fora. Esse é o resultado que os ‘belos shows de fogos’ trazem pras
pessoas”, disse. A cadela, agora, se transformou em um símbolo da luta pelo fim
da soltura de fogos com poluição sonora na cidade gaúcha.
Outros animais também foram vítimas
de atropelamento após se assustarem com os explosivos. Priscila Fernandes
Belagodiva publicou a foto de uma cadela morta e afirmou que não tinha palavras
para descrever o que sentia ao presenciar a triste cena. O protetor Domingos
Galante Neto também registrou a morte de um cão por atropelamento após fuga por
medo dos foguetes. “Fui chamado para socorrer um cão mas infelizmente estava
morto! Morto por esses malditos fogos! E esses malditos motoristas que pensam
que as ruas são pistas de corrida! Provavelmente tinha tutor pois tem coleira!
Porque queimar dinheiro com esses fogos?”, desabafou Domingos. Nos comentários
da publicação do protetor, Paulo Souza conta sobre outra vítima dos explosivos.
Ele afirma que um cachorro que vivia próximo a sua casa morreu após ter
convulsões. “Tudo por conta de gente que não sabe se divertir sem estourar
fogos”, lamentou.
Pivete, um cachorro que vive em um
abrigo de animais ( Projeto Acolher em Maceió ) desde filhote, sofreu uma
parada cardíaca durante a queima de fogos de artifício. Após 15 minutos de
massagem cardíaca, ele foi reanimado, mas está bastante debilitado. “Fogos não
é diversão, é tentativa de assassinato”, escreveu uma das integrantes da ONG,
Naíne Teles.
Além das convulsões e das paradas
cardíacas, os fogos foram responsáveis também por enforcamentos. Desesperado,
um cachorro acabou preso na grade de um portão. Sem receber socorro imediato,
ele morreu enforcado. Outro caso, denunciado por Sabine Coll Boghici nas redes
sociais, envolve a morte de um cão também por enforcamento. “Que isso sirva de
exemplo, esse cachorrinho morreu enforcado ao pular da varanda com medo dos
fogos, a família “maravilhosa” viajou e o deixou amarrado na varanda! Que Deus
tenha misericórdia dessa gente, porque eu não consigo ter”, escreveu Sabine,
que pediu para as pessoas terem compaixão pelos animais. “Cuidem dos seus
animais nessa e em todas as outras festas de final de ano!”, disse.
Uma cadela também pulou da sacada de
um apartamento. No térreo, entretanto, moradores do prédio que haviam previsto
a queda, esperavam pela cadela com um lençol. Graças a ação dos condôminos,
Tina foi salva.
O tutor da cadela, o gerente Jean
Carlos Silva Siqueira, contou à TV Anhanguera que Tina estava sozinha em casa
quando o acidente aconteceu, já que ele havia ido ao supermercado. De acordo
com Siqueira, a cadela ficou nervosa por causa do barulho dos explosivos desde
o início da manhã. O tutor acredita que o medo tenha motivado Tina a passar
pelo espaço do vidro da sacada que estava aberto.
Em uma publicação que alcançou, até o
momento, mais de 2,6 mil compartilhamentos, Bete Salsa expôs diversos casos de
animais que foram vítimas dos fogos de artifício. Dentre eles, um cachorro que
tentou fugir de casa e ficou gravemente ferido, com perfurações pelo corpo, ao
passar pela grade de um portão. O cão foi socorrido.
Raquel Nogueira Dias, tutora de Milka,
também divulgou uma triste história nas redes sociais. “Milka, que é de porte
médio e pesa aproximadamente 20kg, estava protegida dentro de casa e, ainda
assim, ficou tão desesperada com a chuva e os fogos que quebrou o vidro
inferior da porta e se espremeu num buraco de apenas 14 CM de altura por
aproximadamente 30 CM largura (pasmem!!!!). Teve cortes tão profundos na
patinha dianteira esquerda que rompeu todos os ligamentos e uma artéria. Rompeu
um ligamento na pata direita. Teve inúmeros cortes no rosto e na boca. Se meu
irmão não tivesse chegado, estaria morta. Segue internada”, disse Raquel.
A tutora de Milka percebeu, com o
lamentável acontecimento, que não se pode deixar animais sozinhos em dias em
que há soltura de fogos. “Se seus animais tem muito medo de fogos, como a
Milka, NÃO OS DEIXEM SOZINHOS!!!!! Animais se cortam e sangram até morrer, como
quase aconteceu com a ela. Outros se enforcam em cercas, pulam de janelas,
infartam!!!!! A beleza dos fogos NÃO justifica tanto sofrimento!!! Sejamos
menos egoístas! NÃO SOLTEM FOGOS!”, alertou. A publicação já alcançou mais de
21 mil compartilhamentos no Facebook.
Em Tupaciguara, Minas Gerais,
uma cadela que estava sozinha na rua arranhou o portão de uma casa até suas
unhas começarem a sangrar. Depois, ao tentar pular o portão para encontrar um
local onde se sentisse segura, ele ficou presa na grade. Segundo a ONG APA
Tupaciguara, a cadela foi socorrida e teve apenas ferimentos leves. “A diversão
de vocês pode custar a vida de um animal indefeso! Vale a pena? Se
divertirem a troco do sofrimento do próximo? Se conscientizem”, disse a
entidade. “Vão comprar um saco de ração! Ajudar uma ONG ao invés de jogar dinheiro
fora causando dor e prejuízo para outros animais e pessoas”, completou.
Os explosivos também fizeram com que
muitos cachorros fugissem. Nina Flor fez uma publicação no Facebook na qual
relata ter encontrado na rua um cão “muito assustado com os fogos”. Em Indaiatuba,
interior de São Paulo, a pit bull Zaia fugiu no bairro Paulista. Uma publicação
feita em rede social tenta, agora, localizar a cadela. “A cachorra do meu
sobrinho fugiu assustada com os fogos. Meu sobrinho é autista e a cachorra é
uma grande companhia pra ele”, escreveu Renata.
Um cachorro que foi encontrado
durante a queima de fogos, andando sem rumo pela rua, teve um final feliz. Após
um vídeo divulgando o caso ser publicado nas redes sociais, os tutores foram
encontrados. ” O cachorrinho ficou muito feliz ao vê-los. Ele tem 12 anos
e fugiu na hora dos fogos. Graças a Deus agora ele está em casa. Agradeço a
todos vocês que compartilharam”, disse Andréa Simões.
Restos de fogos de artifício
prejudicam animais marinhos
Os animais marinhos também são
prejudicados durante as festas de final de ano. Numa foto publicada por Thaís
Gomes é possível ver o lixo gerado pelas pessoas, jogado na praia. No meio da
sujeira, restos de fogos de artifício. Os itens deixados na areia, quando a
maré sobe, são levados pelo mar e consumidos pelos animais, que os confundem
com alimento e, muitas vezes, morrem.
“Assim fica a praia depois das nossas
comemorações. Todos de roupinha branca, desejando um feliz ano novo sem ao
menos ter o mínimo de noção de recolher seu lixo. A hipocrisia social reina”,
criticou Thaís.
Campanhas pedem o fim dos fogos com
poluição sonora
Além de ter sido utilizada para
divulgar relatos a respeito do sofrimento dos animais, as redes sociais também
serviram para que os tutores fizessem campanhas pedindo o fim da soltura de
fogos com poluição sonora e solicitassem que fossem soltos apenas os foguetes
que têm efeito visual, mas são silenciosos.
Dentre as campanhas, existe uma feita
pelo artista plástico Guimarães Bezerra. Há oito anos ele perdeu Zizi, cadela
que morreu após ter uma parada cardíaca por medo dos fogos. Agora, ele inicia a
campanha “não solte fogos, solte beijos”, com a ajuda da cadela Manu, tutelada
atualmente por ele. Nas redes sociais, o tutor publicou uma foto da cadela com
um cartaz no pescoço no qual estava escrito a frase da campanha.
O pedido de Guimarães e de tantos
outros tutores de animais vale não só para o Natal e a virada de ano, mas para
qualquer época, já que comícios, festas como o São João no Nordeste,
comemorações em dias de jogos de futebol e outras ocasiões são comumente marcadas
pela soltura dos explosivos. E conforme explicou Guimarães, soltar fogos, em
qualquer situação, “é uma forma de maus-tratos”.
Fotos: divulgação
Fonte: anda.jor.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário