Ela não tem condições de levar os cães
para casa, mas o coração falou mais alto ao ver aquela cena rotineira dos
animais passando fome e frio no Terminal Barreirinha, em Curitiba (PR). Há 10
anos, a curitibana Neusa dos Santos acorda cedo todos os dias para tratar e
cuidar dos animais abandonados no terminal.
Recentemente, para proteger os
cãezinhos do frio, Neusa improvisou camas feitas de pneus usados e colocou em
uma estação tubo desativada no terminal. Nas últimas semanas, os termômetros
têm registrado temperaturas mínimas na casa dos 12ºC na capital.
“Eu tinha que fazer alguma coisa.
Alguém tinha que tomar uma atitude. Acho que essa missão era realmente minha.
Hoje sou outra pessoa”, conta Neusa, que é vigilante e atualmente está
desempregada.
O gesto de carinho chamou a atenção
dos funcionários do terminal e dos passageiros, que também ajudam a cuidar e a
proteger o Pitoco, o Max e o Zóinho do risco constante de atropelamento por
causa da circulação dos ônibus.
“Admiro demais o gesto da Neusa com
os cães. Hoje em dia a gente não vê esse amor e essa atenção com os animais em
qualquer lugar. Em diversos terminais de Curitiba o que se vê são animais
largados, maltratados. Então, quando a gente se depara com uma cena dessa, dela
trazendo todos os dias pela manhã o alimento, é uma coisa que não tem preço.
Ela é um exemplo”, disse o vigilante Robson Santos Guimarães.
Além de cuidar dos cães no terminal,
Neusa também leva para casa para dar banho e faz passeios diários.
“Eu cuido porque eu amo os animais.
Acho que quem não gosta de animal, sinceramente, não tem coração. Ainda mais os
cães, que são fiéis com a gente. Esses três aqui, por exemplo, sentem quando eu
não estou bem. E eu também sinto quando alguma coisa ruim acontece com eles. A
gente se ajuda. Enquanto eu estiver viva, vou cuidar deles”, disse Neusa.
“Quando eu comecei a acolher os
animais eram 10. Agora, estamos só com três. Alguns foram adotados, outros
morreram atropelados, infelizmente”, disse Neusa.
Ela contou ainda que sempre presencia
situações de maus-tratos no local. “O Pitoco, por exemplo, perdeu a visão do
lado esquerdo porque levou um chute de um passageiro. Muito triste”, desabafou
a cuidadora.
Atualmente, Neusa é voluntária do
projeto Cão Comunitário, da Prefeitura de Curitiba. Parte dos recursos para
alimentar e tratar dos animais são cedidos pelo projeto e por voluntários.
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