Durante dias,
Zongoloni ficou de guarda sobre sua mãe à beira da morte, perseguindo qualquer
um que estivesse muito próximo a ela.
Ela usou sua tromba
para acariciar o corpo da mãe ferida, baleada por um caçador de marfim. A
elefanta de 18 meses recusou-se a sair do seu lado, mesmo quando a fome e a
desidratação ameaçaram sua própria vida.
Se tivesse sido
deixada para se defender sozinha, Zongoloni quase certamente teria morrido ao
lado da mãe, de cujo leite ainda dependia. Em vez disso, agora, aos cinco anos,
ela está feliz e saudável e vive em um dos três centros de reintegração do
Orphans’ Project no Quênia.
O projeto –
liderado pelo David Sheldrick Wildlife Trust – que neste ano comemora seu 40 º
aniversário – é o mais bem sucedido orfanato de elefantes do mundo.
O ativista e
apresentador da BBC 5 Live, Nicky Campbell, escreveu e lançou um single,
inspirado em elefantes órfãos como Zongoloni, para arrecadar dinheiro para
ajudar mais animais.
“Esses bebês
elefantes viram coisas terríveis na natureza, literalmente assistiram a suas
mães serem perseguidas até morrer na frente deles e ter suas presas levadas”,
diz o apresentador de rádio de 55 anos.
“O DSWT os encontra
e os nutre. A equipe que os ajuda me disse: ‘Você sabe que vale a pena quando o
filhote entra e grita durante a noite toda, grita por sua mãe. Então,
gradualmente eles são reabilitados e 10 anos depois voltam à natureza’. Um
elefante nunca esquece. Os elefantes riem, choram e fazem brincadeiras uns com
os outros, como seres humanos. Eles são animais extraordinários. Mas, por causa
do comércio de marfim, os seres humanos são seu inferno”, completa.
Apesar de seu
início horrível na vida, Zongoloni é uma das sortudas. Sua mãe sobreviveu por
quase uma semana com uma bala na perna, que havia dilacerado seu osso.
sua recuperação.
Infelizmente, eles estavam certos e ela teve a morte induzida.
A situação da
elefanta levou os ativistas às lágrimas. No entanto, pelo menos eles
conseguiram salvar Zongoloni. Após um voo de 90 minutos e um gotejamento que
salvou sua vida, ela foi levada para o orfanato, onde agora é um dos 200 bebês
resgatados.
O DSWT resgata e
cuida de bebês órfãos, dependentes do leite, com o objetivo de devolvê-los ao
estado selvagem quando estiverem completamente crescidos. Com a ajuda de uma
fórmula de leite pioneira – desenvolvida pela fundadora da organização, Dame
Daphne Sheldrick – centenas de animais foram salvos.
Até agora, o DSWT
libertou na natureza mais de 100 elefantes, que tiveram 24 bebês entre eles.
Daphne, de origem queniana, e seu falecido marido, David Sheldrick, passaram
décadas criando e reabilitando os animais selvagens.
Após a morte de
David, em 1977, Dame Daphne criou uma fundação em sua memória. Porém, ela
enfrenta uma luta árdua. Os caçadores de marfim mataram 100 mil elefantes
africanos entre 2011 e 2014, de acordo com o mais recente estudo sobre as
matanças realizado pela Universidade do Colorado (EUA).
Em 2011,
aproximadamente um em cada 12 elefantes africanos foi morto por um caçador. A
demanda por marfim, principalmente na China e em outras partes da Ásia,
impulsionou o mercado negro. Os elefantes africanos estão listados como “em
perigo” pela Lei das Espécies Ameaçadas de Extinção, enquanto os elefantes
asiáticos já estão classificados como ameaçados.
Se a caça
continuar, Nicky teme que os filhos de suas filhas adolescentes crescerão em um
mundo onde não poderão ver elefantes na natureza. “Estou realmente ansioso por
um momento no futuro, no qual seus filhos viverão em um planeta com elefantes
na natureza, vagando por centenas de centenas de quilômetros, encontrando buracos
de irrigação, permanecendo em famílias e vivendo suas belas vidas”, diz.
“Quero que eles
estejam por perto quando meus netos forem velhos. Isso é o que me deixa
amedrontado. Quando destruímos o mundo natural, quando destruímos elefantes na
natureza, como nos veremos no espelho? Temos que ter uma situação na qual as
pessoas não olham para um marfim antigo e pensam que é bonito – elas têm que,
em vez disso, visualizar um bebê elefante guardando sua mãe morta. Isso é o que
eu enxergo quando vejo marfim: luto e feiura. A única vez em que o marfim é
bonito é quando está na face de um elefante”, acrescenta.
As histórias dos
outros elefantes órfãos salvos pelo DSWT são tão devastadoras quanto as de
Zongoloni. Roi foi resgatada há três anos. Ela foi descoberta ao lado do corpo
de sua mãe, morta por uma lança envenenada de um caçador, enquanto
desesperadamente usava sua tromba para acariciar a mãe ensanguentada.
No dia anterior,
Roi tinha sido fotografada mamando alegremente. O filhote corria em sua casa na
Reserva Nacional de Masai Mara, no Quênia. Felizmente, a situação de Roi foi
denunciada para uma equipe local de resgate de elefantes e o DSWT – apenas um
dos três grupos que trabalham com elefantes órfãos na África – coordenou sua
transferência para o Nairobi National Park.
Hoje, Roi é uma
elefanta robusta e saudável de três anos que recentemente foi transferida da
enfermaria do DSWT em Nairobi para uma das unidades de reintegração no Tsavo
East National Park.
Para celebrar o 40º
aniversário da DSWT, o amante de animais Nicky, que cuida de três cães,
escreveu uma canção emocional chamada “Sacred Eyes”, de acordo com o The
Mirror.
“As letras são
sobre a beleza e o amor dos elefantes em contraste com uma paródia final da
arte vista como o marfim esculpido de uma família de elefantes que
é vendido no Oriente Médio. Está comemorando a beleza dos elefantes em uma
escultura, mas resultou na destruição de uma família”, aponta.
“Esse é o verdadeiro
significado da paródia – é uma paródia doentia. Temos tanto a aprender com o
mundo animal. Com os animais, observamos o amor incondicional, uma pureza do
amor, que podemos ver em nós mesmos. Porém, como Dame Sheldrick disse: ‘Os
elefantes são como nós – mas melhores”, conclui.
Fonte: anda.jor.br ( Foto: The David Sheldrick Wildlife Trust)
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