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quinta-feira, 28 de dezembro de 2023

A arte está ajudando a diminuir o estresse em animais que vivem em abrigos


 Foto: Henry Nicholls | AFP

Foi descoberto por especialistas que, assim como os humanos, os animais também podem usar a arte como forma de terapia. De acordo com Bee Lawson, especialista em comportamento animal, qualquer coisa que incentive o animal a cheirar, lamber e mastigar pode ser benéfica, porque esses são comportamentos naturalmente calmantes para cães e gatos.

Além disso, aumento da inflação e as altas taxas de juros, somadas ao abandono de animais domésticos comprados durante a pandemia de COVID-19, causaram um aumento nos animais de rua e causaram uma limitação financeira em muitos abrigos. Portanto, as instituições tiveram que encontrar maneiras criativas de arrecadar dinheiro.

No Bristol Animal Rescue Centre (ARC), no Reino Unido, surgiu a ideia de vender os quadros pintados pelos animais resgatados. Inspirada no Met Gala da revista Vogue em Nova York, o instituto realiza o “Mutt Gala” online – mutt é o nome utilizado para se referir aos animais sem raça definida – para leiloar a arte criada pelos cães e gatos.

Para atrair os animais para as telas, os cuidadores utilizam manteiga de amendoim e queijo amassado, o que os incentiva a cheirar, lamber e se tornar criativos. “Basicamente, pegamos uma tela em branco ou algo semelhante, colocamos tinta não-tóxica na tela, filme plástico por cima e depois colocamos os petiscos favoritos deles”, explicou Jodie Bennett, uma administradora de engajamento e comunidade no centro. “Então os cães vão lá, lambem e brincam com isso.”

Lawson diz que a pintura é usada como uma ferramenta terapêutica para cães de rua, que muitas vezes chegam ao centro traumatizados após serem abandonados e viverem sozinhos e sem alimentação nas ruas. “Quando estão cheirando ou lambendo, isso desencadeia a liberação de substâncias químicas no cérebro do cão que são responsáveis pela felicidade”, explica ela.

Às vezes, alguns dos cães mais cheios de energia andam nas telas, enquanto outros usam todo o corpo para criar sua arte.

Bennett relata que Major, um husky branco que foi resgatado, provou ser um dos artistas mais populares no centro, com suas duas obras “Excited I” e “Excited II” (Animado I e II) despertando grande interesse tanto de críticos quanto de investidores em arte. “Suas pinturas mostram como ele adora a sensação de animação”, diz ela. “Elas são realmente grandes e ousadas, assim como a personalidade de Major, então preste atenção nele. É um grande artista em ascensão.”

Uma peça abstrata em amarelo, laranja e vermelho chamada “Burning Man”, feita por uma gata chamada Cammie, que apareceu inesperadamente durante uma das sessões de pintura, também despertou grande interesse, segundo ela.

O número de animais nas ruas é um problema

A organização de bem-estar animal Royal Society for the Prevention of Cruelty to Animals (RSPCA) disse estar “desesperadamente preocupada” com o aumento dos abandonos de animais à medida que o inverno se aproxima. Até o final de outubro, a RSPCA recebeu mais de 17 mil relatos de animais abandonados na Inglaterra e no País de Gales.

“Muitos centros de resgate estão lotados, estamos enfrentando uma crise sem precedentes neste inverno”, diz Dermot Murphy, comissário de inspeção da RSPCA.

Se a tendência continuar, espera-se que haja cerca de 21 mil relatos em 2023, em comparação com pouco mais de 16 mil em 2020.

As informações foram retiradas da CGTN.

Júlia Zanluchi

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