O filhote de orca de duas toneladas que encalhou na Praia de Guarajuba, em Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador, no sábado, 1º, estava bastante debilitado e não tinha chances de sobrevivência. Após constatarem as difíceis condições, veterinários do Instituto Mamíferos Aquáticos (IMA) concluíram, neste domingo, que seria melhor promover a eutanásia — morte sem sofrimento — para não prolongar as dores do animal.
Fêmea, a orca media 3,7 metros e apresentava estado de nutrição
ruim, com episódios de vômito e expelindo odor pútrido na expiração. Como
estava doente e sem condições de sobrevivência no mar, os biólogos e
veterinários primeiro prestaram o suporte médico com exames, diagnóstico,
medicamentos e até tentativa de devolução ao ambiente natural com ajuda de
banhistas, mas sem sucesso. A orca voltou a encalhar tanto no sábado quanto na
manhã deste domingo. O animal passou a madrugada sendo monitorado, foi
arrastada pela maré e chegou a rolar diversas vezes sobre o próprio eixo.
Com apoio do maquinário e pessoal fornecido pelo Instituto do
Meio Ambiente (INEMA-BA) e da Secretaria do Meio Ambiente de Camaçari, o IMA
ainda pensou em fazer a remoção do animal para reabilitação numa piscina. No
entanto, a operação foi considerada complexa e cancelada por causa das
condições geográficas do local, que impediam o acesso do veículo necessário, e
também devido a subida da maré.
Na reavaliação do filhote — que é uma espécie de golfinho, e não
uma baleia, como é comumente confundido — os veterinários identificaram que ele
estava com sofrimento prolongando, além de ter uma luxação na nadadeira
peitoral, inviabilizando a soltura e piorando as perspectivas.
“Diante da situação, entendemos que, apesar da equipe não ter
medido esforços para a recuperação desse indivíduo, alcançar o sucesso da
operação se tornou uma questão de ego e resposta ao público, que colocava de
lado o bem-estar animal. Foi tomada a difícil decisão, pelo bem do animal, de
abreviar o seu sofrimento, optando pela eutanásia humanitária, realizada de
forma ética e indolor, através da administração endovenosa de anestésicos”,
explicou o IMA.
A carcaça do animal será removida do local para identificar as
causas do encalhe e poder contribuir para a conservação da espécie, que tem
status de “dados insuficientes” quanto aos números de exemplares existentes.
Orca na Bahia: Fenômeno raro
As orcas não são muito frequentes no Litoral Norte baiano, mas é
uma área de ocorrência delas e o registro mais recente de aparição, ainda
segundo o IMA, foi no ano passado, no Sul da Bahia. Na ocasião, pescadores
fizeram outro registro de orcas em comportamento de ataque a baleias-jubarte e
acreditam que é possível que elas frequentem a região para tentar predar
filhotes recém-nascidos de jubartes.
As águas mais quentes e o mar mais calmo do Banco de Abrolhos,
localizado entre o norte do Espírito Santo e o sul da Bahia, têm as condições
perfeitas para a procriação das baleias jubarte, que permanecem em nossa costa
entre os meses de julho a novembro. A expectativa é que mais de 20 mil
indivíduos da espécie venham para o Brasil neste ano.
“Os primeiros dados indicam que vai ser uma temporada com muitas
baleias. Essa quantidade por temporada muda, mas não sabemos o que causa essa
flutuação. Já realizamos alguns cruzeiros, que confirmam que as baleias
chegaram, e chegaram com força”, disse Enrico Marcovaldi, coordenador e
co-fundador do Baleia Jubarte, projeto que completa 32 anos em 2020.
Esse movimento, segundo ele, pode ser visto inclusive na
capital. “Foi possível observar os animais bem em frente à cidade de Salvador,
o que prova que cuidando bem da espécie, ela volta às suas antigas áreas de
reprodução”, completou.
(Fotos: Divulgação/IMA)
Fonte: O Povo
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