Especialistas discordam do procedimento adotado
pela prefeitura e argumentam que cães com leishmaniose só devem ser
sacrificados caso estejam em sofrimento, após serem submetidos a tratamento.
Pixabay
Um
procedimento adotado pela Prefeitura de Mirassol, no interior de São Paulo,
gerou polêmica a nível nacional após ser feita a contratação de uma médica
veterinária para sacrificar 50 cachorros com leishmaniose. A repercussão
negativa, no entanto, levou ao encerramento do contrato, com 11 cães mortos.
Especialistas,
ativistas pelos direitos animais e parte da sociedade discordam da medida, já
que os animais não têm a chance de ser tratados. Desde 2016, há um medicamento
para tratar a doença e, segundo a legislação brasileira, sacrificar animais que
podem ser tratados é crime.
Por
conta da repercussão, a veterinária decidiu romper o contrato, que foi
encerrado pela prefeitura. Em nota, a administração municipal informou que não
impõe o sacrifício aos cachorros, que podem ser tratados se o tutor arcar com
os custos, já que o serviço não é oferecido pelo poder público. Com isso,
animais tutelados por famílias carentes são mortos porque a prefeitura não se
responsabiliza pelo tratamento.
No
comunicado divulgado, a prefeitura diz que “o contrato, no valor de R$
5.000,00, previa a realização de 50 eutanásias, porém, foram realizados 11
procedimentos. Devido ao vencimento do contrato ocorrer em setembro de 2020 e a
profissional não ter manifestado interesse em participar de novo procedimento
para a continuidade do serviço devido à falta de informação da população, o
contrato será encerrado pela Prefeitura”.
“O município tem como regra o trabalho preventivo para o
controle da leishmaniose e quando um cão é diagnosticado como positivo para a
doença, o dono recebe todas as informações necessárias sobre a possibilidade de
tratamento pelo qual o município não oferece e, somente se o proprietário do
animal afirmar que não tem interesse em tratar a doença e, de maneira
consentida, autorizar a Prefeitura, o cão é encaminhado para a realização do
procedimento pela clínica veterinária contratada pelo município. Portanto, nem
Prefeitura nem a médica veterinária realizam o procedimento
indiscriminadamente, conforme tenta-se, de maneira subjetiva imputar tanto à
empresa contratada pelo município quanto a própria administração municipal”,
completa.
De acordo com a administração municipal, após autorização do
tutor, os animais são sacrificados após um exame “ser realizado pela Vigilância
Epidemiológica” e “um novo exame ser feito pelo Instituto Adolfo Lutz que emite
um laudo confirmando a doença”.
Apesar disso, a prefeitura não informa qual exame é usado para o
diagnóstico. Segundo reportagem da Record, o município atesta que o animal está
infectado através do método Elisa, que pode apresentar falso positivo para
leishmaniose caso o cachorro esteja com outras doenças como a erliquiose canina
– conhecida popularmente como doença do carrapato.
Especialistas ouvidos pela reportagem pediram que o município
apresente exames e laudos que expliquem os motivos para sacrificar animais que
não estão em estado terminal. Eles defendem que os cachorros com leishmaniose
recebam tratamento e só sejam sacrificados caso estejam em sofrimento.
Fonte: anda.jor.br
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