Universidade Federal do Ceará vai exterminar gatos, aves e morcegos

A Universidade Federal do Ceará contratou, por meio de licitação, uma empresa especializada em dedetização para exterminar diversas espécies animais que habitam ou visitam suas instalações. O Pregão Eletrônico 3/2015 prevê a contratação de “serviço continuado de desinsetização, desratização, descupinização, desalojamento de pombos e morcegos e controle de gatos abandonados a serem executados nas dependências dos Hospitais Universitários da Universidade Federal do Ceará: Hospital Universitário Walter Cantídio e Maternidade Escola Assis Chateaubriand”. A empresa vencedora, com sede em Fortaleza (CE), oferecerá os serviços por um ano, até abril de 2017, pelo valor total de R$ 57.500,00. Além do extermínio de insetos e ratos com o emprego de veneno, o Termo de Referência contempla ainda que sejam eliminadas aves, morcegos e gatos desses locais, na condição de “pragas urbanas”. Segundo o documento, uma das obrigações da contratada é a “remoção de ninhos, limpeza de estruturas, aplicação de repelentes em gel com características pegajosa, indicada para a aplicação em beirais, forros e muros, onde pousam pombos e aves em geral, pulverização geral contra piolhos de pombos”. A substância é conhecida por ser fatal a filhotes e espécies menores de pássaros, que ficam aderidos ao gel ou tem bico e asas colados e, sem poder voar, acabam morrendo de fome, sede ou calor. Em 2012, no município de Rio Claro (SP), contratante e contratada foram autuadas por crime ambiental e multadas em R$ 9 mil cada. No caso dos morcegos, a proposta da empresa vencedora é utilizar a mesma “cola”, embora o edital exigisse a utilização de “repelentes químicos que evitem a permanência destes em forros e tetos, sendo proibido a aplicação de produtos que provoquem a morte dos morcegos ou outros animais”. Isso provoca consequências ainda mais cruéis, já que, no chão, os morcegos se arrastam para se locomover. Em contato com o gel, o morcego fica todo envolvido no material, imobilizado, debatendo-se até a morte”. Por fim, foi estabelecida a instalação de “armadilhas, que não provoquem ferimentos, para captura dos gatos abandonados que transitam dentro das dependências dos Hospitais Universitários da UFC, com destinação adequada que garanta o cuidado, abrigo e alimentação do animal”. Não há qualquer especificação para tal destinação no Termo de Referência, enquanto a proposta não faz qualquer menção aos meios a serem empregados e os locais para onde os animais serão destinados. O ramo de atividade da empresa – imunização e controle de pragas urbanas – constante das certidões e licenças apresentadas durante o processo licitatório, não indica a prestação desse tipo de serviço, o que é temerário em relação aos animais a serem capturados e já desperta a preocupação de ativistas. Além disso, o contrato não veda a destinação desses animais ao Centro de Controle de Zoonoses da cidade, o qual foi alvo de denúncias de maus-tratos no ano passado. Fonte: João Rodrigues Filho / Redação ANDA ( Foto: Reprodução/Tribuna do Ceará)