O governo uruguaio, pressionado pelo setor agrícola diante de perdas milionárias nas colheitas, aprovou um plano emergencial para o abate em massa de periquitos, utilizando métodos controversos como iscas tóxicas e adesivos.
Segundo o Ministério da Pecuária, Agricultura e Pesca (MGAP, na sigla em espanhol), a iniciativa de cinco pontos busca conter a superpopulação da espécie, mas já enfrenta forte oposição de organizações ambientais e do Instituto Nacional de Bem-Estar Animal (INBA), que alertam para o sofrimento extremo que será imposto às aves.
Um dos pilares da estratégia é o envolvimento do Exército Nacional, responsável pela logística e pelo uso de veículos com plataformas elevatórias para alcançar ninhos em locais altos.
O Exército aplicará uma isca tóxica misturada com graxa nas entradas dos ninhos, geralmente em eucaliptos. Um decreto especificando os produtos químicos autorizados será divulgado em breve.
Além disso, o plano inclui a colocação de um adesivo forte nos ninhos, medida criticada por ambientalistas. “Isso implica crueldade, pois o animal se despedaça e morre tentando se libertar”, afirmou Rita Rodríguez, representante ambiental do INBA.
As ações começarão imediatamente nos departamentos de Colonia, San José, Canelones e Montevidéu, com o objetivo de reduzir a população antes da colheita de maçãs em março.
O plano é motivado pela necessidade urgente de mitigar os danos econômicos significativos causados pela superpopulação de periquitos, problema que afeta fruticultores há décadas.
A maior objeção ética recai sobre o uso de iscas tóxicas, descritos na literatura veterinária como rodenticidas anticoagulantes de ação lenta. Esses compostos causam uma morte lenta e dolorosa, por meio de hemorragias internas, tremores, letargia e dificuldade respiratória.
Rodríguez defendeu alternativas não letais, como iscas esterilizantes, mas afirmou que o governo descartou essa opção por considerá-la inviável a curto prazo. Ela também denunciou um “problema institucional” e a “sobrecarga do INBA”, que não teria participado da discussão antes da aprovação das medidas.
Para evitar o envenenamento secundário de outros animais — como cães, raposas ou carcarás — que possam consumir as carcaças, os produtores foram instruídos a enterrar os periquitos mortos em até 48 horas.
“Precisamos reduzir a população o mais rápido possível, pois os periquitos estão causando grandes prejuízos todos os anos”, declarou Ramiro Vacca, especialista em agricultura do MGAP.
A estratégia também prevê o envolvimento da estatal de energia UTE, responsável por controlar ninhos construídos em linhas elétricas durante o período de postura.
Tradução de Shirlei Cioruci (com IA)
Fonte e foto: MercoPress
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