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quinta-feira, 14 de novembro de 2024

Tutores sobre oficial do Exército que matou cão com tiro: “Covarde”

 


A cachorra Cristal (foto em destaque) alegrava dias e noites na casa de Vicente Alves Rodrigues e Zilma Augusta Rodrigues, em um condomínio de Sobradinho. Sem raça definida, a cadela, de aproximadamente 7 anos, foi resgatada de uma área rural no município de Bezerra (GO), em 2020. Brincalhona e cheia de energia, conquistou a todos. Por isso, para a família dona de Cristal, o oficial do Exército acusado de matar a cadela com um tiro de rifle deve responder na Justiça. Segundo eles, o militar é um homem de “alma perdida”.

Segundo a guia de turismo Mônica Azevedo Rodrigues, filha de Vicente e enteada de Zilma, Cristal era agitada, feliz, balançava o rabo, fazia festa e latia como qualquer outro cachorro. “A gente pegou muito amor por ela”, afirmou. A cachorrinha costumava brincar com tutores e visitas. “Ela tinha uma energia sem fim. Por algum motivo, esse homem começou a implicar com ela”, comentou, com a voz embargada.

A família cultivou a tradição de comemorar o Natal com Cristal. A cachorrinha chegava a ficar vestida com roupas natalinas. “Nossa reunião de Natal era importante para nossa família. E como Cristal era parte da família, infelizmente nossa festa foi interrompida. O Natal sem ela é pedaço da gente que vai ficar faltando”, lamentou.


De acordo com Mônica, um vizinho, o oficial da reserva do Exército Brasileiro Cesar Ricardo Stoll, 69 anos, acusado pelo disparo, começou a reclamar do suposto barulho feito pela cachorra. Os tutores teriam tentado educar Cristal para minimizar um eventual desconforto. Segundo a guia, dona Zilma chegou a flagrar, em uma ocasião, o militar olhando o quintal por um buraco no portão da casa.

Além disso, segundo a família, há aproximadamente um ano, um artefato explosivo, supostamente uma bombinha, foi detonado no quintal da família. A autoria não foi determinada. Mas o fato despertou preocupação. Na segunda-feira (11/11), dona Zilma flagrou o ataque contra Cristal.

“Ele cometeu crime. Mas, para o azar dele, foi pego em flagrante. Ele desdenhou a situação. Disparou três vezes. Duas acertaram. Minha madrasta viu e começou a xingar e brigar com ele. Ele levantou, sem nenhuma apreensão, guardou a arma, voltou e disse: ‘A senhora está ficando maluca? Eu não tenho nada na mão’. Ele tinha acabado de atirar e debochou. É um covarde”, relatou.

Prisão

A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) prendeu o oficial da reserva do Exército Brasileiro sob a acusação de ele ter matado a cadela. O militar teria justificado o crime alegando que o animal “atrapalhava o sossego” dele.

A cadela chegou a ser socorrida e passou por atendimento em uma clínica veterinária, mas faleceu na madrugada desta terça-feira (12/11), em casa. O oficial foi conduzido à 35ª Delegacia de Polícia (Sobradinho II), e a arma utilizada para efetuar os disparos, um rifle, acabou apreendida.

Inicialmente, os policiais militares foram acionados para atender a ocorrência e encontraram Cesar com uma espingarda de chumbinho. No entanto, a Polícia Civil constatou que a arma estava inoperante, o que levantou suspeitas sobre a veracidade da versão apresentada pelo oficial do Exército.

Rifle

A PCDF, então, aprofundou as investigações e, com base no depoimento da tutora da cachorra, realizou buscas na residência do suspeito, onde foi encontrado um rifle CBC, calibre 22, arma a que correspondia à descrição feita pela vítima.

Confrontado com a evidência, o oficial confessou ter utilizado o rifle para atirar no animal, alegando que o pet perturbava o sossego dele. Diante dos fatos, o homem foi autuado em flagrante pela PCDF pelo crime de maus-tratos a animais, previsto no artigo 32 da Lei nº 9.605/98.

Audiência de custódia

Em virtude de sua condição de oficial da reserva do Exército Brasileiro, o preso foi encaminhado à prisão militar, onde aguardou audiência de custódia.

Por meio de nota, a defesa de Cesar Ricardo informou que o militar teve a liberdade provisória concedida durante audiência de custódia realizada nesta terça-feira (12/11).

“O senhor Cesar demonstrará em Juízo a sua versão, mas inevitável é tornar pública a imensa tristeza de seu cliente e de seus familiares, ao verem sua imagem estampada nas mídias, contrariando a ordem constitucional que garante a todos a presunção de inocência até qualquer prova em contrário”, pontuou a defesa.

Por Francisco Dutra

Fonte e fotos: Metrópoles

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