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segunda-feira, 9 de setembro de 2024

“Lei do massacre” leva estrangeiros a adotarem cães abandonados na Turquia

 

Foto: divulgação
Uma nova lei turca – apelidada de “lei do massacre” – que, de acordo os ativistas pelo bem-estar animal, abrirá portas ao abate de milhões de cães, está a obrigar os proprietários de canis a encontrarem soluções para os animais de companhia, inclusive no estrangeiro. Dali e Deezi sãos dois dos patudos que já abandonaram a Turquia rumo a uma nova vida.

Em julho, o Governo turco aprovou uma nova lei que pretende diminuir drasticamente a população de cães abandonados no país, que se estima que ronde os quatro milhões.

Esta decisão fez aumentar a demanda por animais abandonados por parte de pessoas de outros países.

Nilgul Sayar, uma ativista que gere um canil em Istambul, revela, em entrevista à agência Reuters, que já enviou centenas de animais para o estrangeiro:

“A fundação com a qual mais colaboramos é a dos Países Baixos, a Animal Care Projects, abreviadamente ACP. No seu site, anunciam os cães que concluíram os seus processos burocráticos e as vacinações consoante as suas caraterísticas e especificações. Quando há interessados, reúnem-se com as famílias e visitam as suas casas. Se forem adequados, despedimo-nos imediatamente dos nossos cães, que vão para a nova casa com um voluntário para o voo”.

Nilgul diz também que tem já “cerca de 20 ou 25 animais prontos para voar”.

Dali e Deezi mudaram-se para os Países Baixos

Dali e Deezi, que antes se chama Sayko, são dois dos patudos que viviam ao cuidado de Nilgur Sayar e que já abandonaram a Turquia.

Dali, que só tem três patas e que teve como inspiração para o seu nome a cadeira de três pernas de Salvador Dali, já está em solo neerlandês à espera para ser adotado.

Deezi, que viveu durante quatro anos no abrigo de Sayar, também já está nos Países Baixos, mas em casa da nova família.

“Ela [A Deezi] é muito aberta, como um livro aberto. Não sente ansiedade em relação a outros cães. É muito feliz, vai para a rua, rebola na água ou brinca com outros cães também. Ela é muito feliz”, confessa Caroline Dieleman, a neerlandesa que adotou a cadela de nove anos.

Estes dois animais de companhia viajaram primeiro da Turquia para a Bélgica, acompanhados por um voluntário, e depois foram transportados para os Países Baixos por elementos da organização Animal Care Projects.

Mas desengane-se se pensa que adotar um cão que vive em albergues turcos é simples. Pelo contrário. O processo burocrático e de vacinação pode demorar até quatro meses e custar cerca de 1.000 euros.

Autarquias turcas devem providenciar abrigos

O Executivo turco justificou a nova lei com os ataques e os acidentes rodoviários causados pelos animais vadios, mas também com o perigo de propagação de doenças como a raiva.

De forma a executar com sucesso a tarefa a que se propôs, até 2028, o Governo da Turquia pretende que as autarquias aloquem abrigos para os animais que vivem na rua.

Antes de serem disponibilizados para a adoção, os animais terão de ser esterilizados e vacinados.

Aqueles que demonstram comportamento agressivo e que sofrem de doenças incuráveis serão abatidos, segundo a norma a aprovada.

Nas últimas semanas, desde que o projeto-lei foi oficializado, milhares de pessoas têm saído à rua para contestar a medida.

Os críticos questionam se as Câmaras Municipais terão recursos suficientes para construir novos abrigos quando necessário e, por isso, temem que os animais sejam postos em locais sobrelotados, ou pior, que sejam abatidos.

Na Turquia, as autoridades costumavam recolher e castrar os animais abandonados antes de os devolverem às ruas. Os defensores dos animais dizem que, se esta medida tivesse sido cumprida corretamente, o número de cães sem lar não seria tão alarmante.

Por Gabriel Mota Figueiredo e Ana Isabel Pinto

Fonte: SIC Notícias / mantida a grafia lusitana original

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