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quarta-feira, 15 de maio de 2024

Alagoano de coração cria método para salvar tubarão


  Foto: Acervo Pessoal

Com o título ‘Brasileiro cria método que evita pesca acidental de tubarões e raias’, a Agência Brasil colocou em evidência, no último final de semana, o trabalho desse alagoano de coração, Marcelo Reis, 48 anos, que embora seja gaúcho, nascido em Porto Alegre, reside em Maceió, com a família, desde os 14 anos de idade.

Trabalho dele, que é biólogo formado pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal), foi apresentado na Universidade de Sydney, na Austrália, onde fez doutorado, em Oceanografia. Ele usou uma fórmula matemática e uma técnica inédita capazes de fazer a análise de risco ecológico voltada ao manejo pesqueiro. A técnica evita a pesca acidental de tubarões e raias, de modo a preservar as espécies, reduzindo o risco de extinção de algumas delas, a exemplo do tubarão martelo.

Em entrevista a repórter Alana Gandra, da sucursal carioca da Agência Brasil, Reis disse que esse método não precisa ser aplicado exclusivamente para a atividade pesqueira. “Pode ser usado para outros estudos de extrativismo, inclusive vegetal. É tudo uma questão de pressão antrópica, ou seja, extrativismo antrópico, e área”.

Entre as vantagens do método, ele lembrou que pode ser ajustado de acordo com a realidade e local da intenção de pesquisa. O trabalho de Marcelo Reis é assinado, também, pelo professor William Figueira, da Universidade de Sydney.

Em contato telefônico com a reportagem da Tribuna Independente, Marcelo disse que tinha ficado muito feliz e lisonjeado com a reportagem sobre ele, publicada no site da Agência Brasil. A repercussão de trabalho ele, com o professor William Figueira, não se limitou à mídia nacional. Foi destaque também na revista internacional Diversity.



Marcelo Reis desenvolveu esse método revolucionário durante seu doutorado na Austrália, logo após concluir o mestrado na Ufal. O trabalho foi feito com base em dados de ocorrência de pescarias e das espécies da Australian Fisheries Management Authority’ (AFMA).

Segundo o pesquisador, os dados da AFMA têm a vantagem de ter boa qualidade, na medida em que a autoridade pesqueira determina a obrigação, na pesca comercial, de os pescadores descreverem a localização geográfica, as espécies apreendidas e o peso total dos animais.

Conservação destes animais e de raias ainda é um tabu

Marcelo Reis explica que, no mundo todo, a conservação de tubarões e raias ainda é tabu, muito por causa do filme Tubarão, de 1975, dirigido por Steven Spielberg, que teve impacto enorme ao mostrar que tubarões são uma espécie agressiva. Marcelo Reis afirmou que tubarões são menos assassinos do que outros animais.

Dados de 2023 mostram que, em todo o mundo, morreram oito pessoas por ataque de tubarões, enquanto na África ocorreram 500 pessoas atacadas por hipopótamos. “E ninguém fala nisso. Um milhão de pessoas morreram por picadas de mosquitos e doenças associadas”, lembrou.

Para o pesquisador, existe essa mitificação dos tubarões de uma forma geral, porque ele é grande predador, está em um ambiente que não é o ambiente natural dos humanos. “Mas a título mundial, a conservação dos tubarões e raias, por tabela, acaba virando tabu porque as pessoas pensam que tubarões são monstros que estão devorando as pessoas”.

LISTA VERMELHA

Pesquisadores de ponta estão trabalhando no mundo todo para reduzir a quantidade de ataques de tubarões. No Brasil, há várias espécies que se encaixam na lista vermelha de espécies mais ameaçadas no mundo.

Entre elas, Reis citou o tubarão azul, o tubarão-tigre, tubarão de cabeça chata, que responde por vários ataques no Recife (PE), além de três ou quatro espécies de tubarão-martelo, além de espécies menores. Na Austrália, existem mais de 400 espécies de tubarões e raias.

Algumas espécies são muito ameaçadas

Muitas espécies são de preocupação menor para a conservação, mas outras são ameaçadas globalmente, embora, localmente, na Austrália, haja espécies bem protegidas, como o tubarão-martelo, porque ali existem regras bem específicas para captura desses animais. “Eles têm limites de captura”. Essa é uma das espécies mais ameaçadas em nível mundial.

Em termos de custo-benefício, Reis destacou que a vantagem é que se trata de um método fácil, porque não exige grande quantidade de dados.

“A gente tem aí, basicamente, um método qualitativo que não precisa de muitos dados de qualidade. Porque, para você fazer o manejo de qualquer espécie, precisa ter um esforço de coleta muito grande, informações sobre a espécie para elaborar um plano mais complexo e detalhado. E a ideia dessa métrica que criamos é fazer um sistema de acesso rápido para pegar as espécies que são mais ameaçadas ou que tenham maior índice de interação e selecioná-las primeiro”.

Os testes feitos na Austrália validaram o método desenvolvido por Marcelo Reis, que além de biólogo, mergulhador e conservacionista, ama as artes marciais e não por acaso é karateca.

A fórmula de Reis busca dar mais precisão à atividade de pesca, ajudando a preservar espécies ameaçadas e auxiliando na delimitação das áreas preferenciais para a realização dessa atividade econômica.

Por Ricardo Rodrigues - colaborador / Tribuna Independente

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