A Associação É o
Bicho MT iniciou uma campanha, no início desse mês, de coleta de frutas e ovos,
em Cuiabá, que serão destinados aos animais que estão sofrendo com as queimadas
e a seca no Pantanal, em Mato Grosso. A arrecadação vai ser feita por no mínimo
três meses para que o bioma consiga se restabelecer.
Semanalmente, a
associação precisa levar cerca de 1,5 toneladas de frutas e ovos.
A compra dos
alimentos custam R$ 12 mil, sem contar com os valores da logística para levar
até o Pantanal. Ao todo são 72 caixas de bananas, 36 caixas de melão, 36 caixas
de mamão, 42 caixas de laranjas e 216 melancias.
Fora o combustível, os gastos incluem a alimentação dos
motoristas e dos voluntários que estão desenvolvendo essas atividades.
Em 2020, a associação
conseguiu arrecadar 300 toneladas de frutas e 580 mil litros de água. Nesse ano
ainda foram arrecadadas apenas 4 toneladas. As frutas são levadas durante as
quartas-feiras e sábados.
Nas quartas-feiras, funcionários do Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) fazem a distribuição dos
alimentos pela região e nos fins de semana, os voluntários da É o Bicho MT
fazem o abastecimento dos alimentos.
Diferente do ano
passado, para conseguir levar os alimentos, os voluntários precisam estar
cadastrados, já que é crime ambiental alimentar animais silvestres, exceto
nessas situações. Cerca de 70 voluntários da associação estão cadastrados.
De acordo com a presidente do É o Bicho MT, Jenifer Gonçalves
Larrea, é preciso lutar pelo Pantanal para não perder o bioma futuramente.
“É um trabalho que requer muito esforço e persistência por
diversas dificuldades que aparecem pelo caminho, mas como a gente faz pelos animais,
acaba superando tudo isso. O sentimento é de muita tristeza, mas se nós não
fizermos nada, vamos perder esse bioma que é tão importante para a humanidade,
então é preciso fazer algo agora”, disse.
As pessoas que
quiserem contribuir com arrecadação de frutas e ovos podem levar os alimentos
para a câmara fria que fica no bairro Porto, em Cuiabá.
Incêndios no Pantanal
Desde agosto deste
ano, áreas do Pantanal são consumidas pelo fogo. Em setembro, a Força Nacional
chegou em Mato Grosso para fazer parte das equipes de combate.
Até o início deste mês, mais de 40 mil hectares de vegetação já
tinham sido destruídos pelo fogo em Cáceres (MT), na fronteira entre Brasil e
Bolívia, e 9 mil na região da Rodovia Transpantaneira, que liga os municípios
de Poconé a Porto Jofre, no Pantanal Mato-grossense.
As área queimada
acumulada no Pantanal em 2021 ultrapassou os
valores médios históricos registrados nesse período pelo
sistema ‘Alarmes’, do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (LASA).
Embora os valores ainda sejam inferiores ao ano anterior, a instituição disse
que isso causa preocupação devido ao aumento observado nos últimos dias.
Neste mês, brigadistas do Sesc Pantanal registraram o momento
em que antas com sede aceitaram água direto na boca, ação incomum em
animais silvestres, quando voltavam do trabalho de combate aos incêndios no
Pantanal.
Elas estavam em um tanque na Reserva Particular do Patrimônio
Natural do Brasil, a RPPN Sesc Pantanal, que secou este ano. Até o ano passado,
o local tinha água e era uma referência de hidratação para os animais
silvestres.
Um ano após maior
incêndio da história
Em 2020, o Pantanal
foi atingido pela maior
tragédia de sua história.
Incêndios destruíram cerca de 4 milhões de hectares, 26% do
bioma – uma área maior que a Bélgica – foi consumida pelo fogo. Cerca de 4,6
bilhões de animais foram afetados e ao menos 10 milhões morreram.
Em Mato Grosso, quase 2,2 milhões de hectares foram destruídos
e, em Mato Grosso do Sul, 1,7 milhão de hectares, virou cinzas.
De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
(Inpe), a precipitação dos últimos meses na bacia do alto Paraguai ficou abaixo
do esperado. O Pantanal não tem uma ‘cheia’ há três anos.
Foto: Associação É o Bicho MT
Fonte: G1



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