Mais de 50 pessoas
concentraram-se, esta quinta-feira, em frente ao Campo Pequeno, em Lisboa, a
protestar contra a realização de touradas, um espetáculo que consideram
“anacrónico” e “absolutamente fora do tempo”.
Os manifestantes começaram a gritar palavras de ordem pouco
depois das 20 horas, numa ação que durou até às 21.30, hora em que começou a
tourada no interior da arena do Campo Pequeno.
Gritaram palavras de ordem como “Campo Pequeno, tortura em
grande”, “direitos dos animais são fundamentais” e “gente bem formada não vai à
tourada”.
Em declarações à agência Lusa, Carlos Macedo, membro do
movimento Ação Direta -organizador da manifestação -, salientou que o motivo do
protesto de hoje “é exatamente o mesmo de sempre”: lutar pelo fim das touradas,
uma atividade “completamente bárbara e anacrónica”.
Para o manifestante, “a desculpa de que é uma tradição não é
plausível para matar e sacrificar um animal para satisfação de algumas pessoas,
que por acaso são cada vez menos”.
“Há muitas tradições que terminaram por não serem compatíveis
com a vivência. Basta pensarmos que a maior parte dos aficionados são pessoas
ligadas à igreja. Ainda não há muitos anos atrás, as mulheres ficavam nos
bancos de trás da igreja e os homens é que iam para a frente. Era uma tradição
também, hoje não é assim, as pessoas evoluíram”, sustentou.
Questionado sobre se tem esperança que as touradas acabem,
Carlos Macedo disse que o seu desejo é esse, razão pela qual participa em
manifestações contra a tauromaquia há 15 anos.
“Nós vemos que de ano para ano temos mais pessoas do nosso lado,
a manifestarem-se, e menos pessoas a entrarem. E também em concordância com
este movimento, em cada legislatura há menos deputados a votar a favor da
tourada e mais deputados contra a tourada”, afirmou.
Presente na manifestação, a candidata do PAN à presidência da Câmara
de Lisboa, Manuela Gonzaga, realçou que uma das suas bandeiras “é realmente
tirar a tourada da capital de Portugal, um espetáculo absolutamente fora do
tempo, fora do eixo, fora do contexto e de uma imensa crueldade”.
“Os lisboetas não se reveem neste espetáculo. Este espetáculo
existe porque é muito financiado e 70% dos lisboetas não veem à tourada, nunca
vieram. Não faz sentido”, acrescentou.
“Nós temos um conservatório a cair de podre, um conservatório
nacional de dança e música, com os alunos e as alunas espalhadas por tanto
lado. Não há dinheiro para o conservatório, que é uma joia do nosso património
cultural e temos aqui esta gente que vem massacrar bovinos e recebe dinheiro
público”, criticou.
Por seu turno, Tina Cardoso, uma das organizadoras da
manifestação, explicou que o movimento Ação Direta é, sobretudo, “contra o
sofrimento animal”, bem como “contra os dinheiros públicos que são enfiados na
tauromaquia quando há tanta necessidade no país”.
“Nós temos tão boa cultura, nós temos teatros, nós temos música,
fados, tanta coisa que podemos enfiar dentro de um espaço como este, que não há
necessidade de ser tortura. Porque tortura não pode ser cultura”, defendeu.
Os manifestantes – que regressam na sexta-feira ao Campo Pequeno
para fazerem ouvir novamente a sua posição sobre a tauromaquia – empunhavam
também cartazes com frases como “tradição indecente”, “tauricídios com os
nossos subsídios” e “touros sim, touradas não”.
Fonte
e fotos : Jornal
de Notícias / mantida a grafia lusitana original





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