Amparada por amigos, a dona do Lar Temporário Entre
Latidos e Miados, localizado no bairro Quintas do Jacubá, em Contagem, na
região Metropolitana de Belo Horizonte, Cláudia Araújo, chora ao ver os corpos
dos mais de 50 cães mortos por um suposto envenenamento. O crime teria ocorrido
durante a transferência dos animais da antiga sede do abrigo em Ribeirão das
Neves, para a nova, em Contagem.
“Eu levantei de manhã, dei comida para eles como
faço todo dia. Eles estavam bem, correndo. De repente, por volta meio dia, eles
começaram a brigar, próximo a um muro, onde estávamos construindo canis. Atrás
desse muro tem um lote vago. Como eu tinha dado ração, achei que eles estavam
comendo a ração, não vi que tinham pegado outra coisa”, conta Cláudia Araujo.
Em seguida os cães foram divididos em vans e carros
de amigos para serem transportados para a nova sede. No meio do caminho,
segundo a proprietária do abrigo de cães, os animais começaram a passar mal.
“Depois que nós saímos de lá, uns 20 minutos depois, os cães começaram a passar
mal. Achei que era normal, porque cão enjoa e vomita quando anda de carro.
Quando a gente chegou aqui eles já estavam vomitando e evacuando sangue. A
gente tentou socorrer, dei carvão ativado para todos, fiz massagem cardíaca,
mas infelizmente eu não consegui salvar eles”, conta Cláudia Araújo
visivelmente emocionada com a perda dos animais.
Ela conta que a maioria dos cães eram dela. Todos
recolhidos da rua. Dos que eram dela, apenas dois sobreviveram. Outros cães
pertenciam a pessoas engajadas na causa animal que deixavam os animais sob os
cuidados do lar, pagando um valor mensal. Entre os tutores está o deputado
estadual Osvaldo Lopes (PSD), que tinha 11 cães no lar.
“Dentre os 59 cães assassinados 11 eram meus. São
cães resgatados. Animais que no dia a dia a gente recolhe das ruas em
sofrimento, leva para a clínica veterinária, cuida, na esperança de inseri-los
futuramente em um lar que lhe deem amor, carinho e segurança. Aí vem uma pessoa
e comete um ato tão cruel quanto esse”, lamenta.
O parlamentar, que tem ajudado no transporte dos
animais para uma faculdade particular onde os corpos serão necropsiados revelou
que está oferecendo uma recompensa para quem der informações que levem aos
suspeitos do envenenamento dos animais. “Quem souber, pode denunciar de forma
anônima no 181. Pode ligar no nosso gabinete, no telefone (31) 2108-5440, pode
ligar na Delegacia Especializada de Meio Ambiente. Eu vou recompensar com R$
2.000 quem der informações desse bandido que matou os animais”, completou o
deputado.
Em nota, a Sejusp esclareceu que o Disque Denúncia
181 não trabalha com sistema de recompensa, já que não é possível identificar o
denunciante por meio do serviço – todas as denúncias recebidas pelo canal são
anônimas. “A fala do parlamentar com relação a uma possível recompensa é,
portanto, de sua responsabilidade”, explicou a pasta.
Perícia
Os trabalhos periciais sobre a morte dos cães foram
iniciados na tarde de domingo (15) pelo médico veterinário e professor da
faculdade UniBH, Aldair Pinto. Ele conta que há um convênio entre a faculdade e
a Polícia Civil para atuação nesses casos. Os corpos, inclusive, vão passar por
necropsia na própria faculdade.
“A gente está tentando produzir a maior quantidade
de prova de que isso seja um crime. Temos uma grande quantidade de animais que
morreram da mesma maneira. Os animais apresentam sinais que condizem com o
quadro de intoxicação ou de possível envenenamento”, explica Aldair Pinto.
Os corpos vão ser levados para o laboratório da
faculdade onde vão passar por necropsia. A expectativa é de que os resultados
saiam de 20 a 30 dias. A Polícia Civil informou que um procedimento já foi aberto
para investigação e ficará a cargo do segundo Departamento de Polícia Civil de
Contagem.
Atualizada às 13h52.
Por Bruno Menezes e Lara Alves
Fonte e foto O Tempo
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