Deixar o
animal adoecer, não alimentá-lo, não hidratá-lo, deixá-lo preso em corrente
curta, deixá-lo sob sol e chuva. Esses são os tipos de maus-tratos mais comuns
registrados no Amapá. Essa negligência é
considerada crime e pode resultar em prisão e pagamento de multa.
De acordo
com a Delegacia do Meio Ambiente (Dema), os casos de maus-tratos aos animais
que resultaram em denúncias formais na polícia vêm aumentando desde 2018
(quando foram registrados 21 casos).
Em 2019 o
número saltou para 58 registros e, este ano, em pouco mais de 2 meses, já são
24 contabilizados. A maioria dos crimes são cometidos contra cães e
gatos.
Titular
da Dema, a delegada Lívia Pontes contou que esse aumento de registros se deve
às ações de conscientização realizadas pela própria delegacia em conjunto com
as Organizações Não-Governamentais (ONGs). Mas, para ela, o “saldo” está longe
de representar a realidade.
“Em conversa
com as ONGs, eles dizem que esse número de ocorrência anual representa quase o
mesmo número de denúncias que eles recebem em um mês. Nós temos muitos
sub-registros, que é quando os denunciantes nos avisam, mas não comparecem para
registrar a ocorrência de fato. Nós precisamos do mínimo de informações para
dar continuidade ao inquérito”, explicou.
Ela cita que
o abandono e a negligência provocados pelos responsáveis dos animais são os
principais motivos de crime de maus-tratos registrados na delegacia.
A
delegada descreve que esse tipo de crime é de baixo potencial ofensivo e, caso
o dono seja condenado, ele pode responder em liberdade. Outra medida que pode
ser adotada é a audiência de conciliação, onde se entra em um acordo com o
responsável pelo animal.
“Apenas em
casos muito graves, que envolvem muitas mortes de animais, nós abrimos um
inquérito policial e encaminhamos o caso para a Justiça. Quando vemos que o
animal não pode mais ficar com os donos, por meio de parcerias, encaminhamos
para que as ONGs possam cuidar deles”, frisou.
Resgatado
no dia 3 de março, em uma casa da 7ª Avenida do bairro Congós, na Zona Sul de
Macapá, o cão Ben Hur ganhou um novo lar na Zona Oeste da cidade, proporcionado
pela ONG Anjos Protetores – que atualmente ajuda quase 70 pets.
O animal
estava abandonado e acorrentado, em meio a um vazamento de esgoto, o que
agravou a doença de sarna que ele já sofria.
A presidente
da ONG, Laudenice Monteiro, descreveu que Ben Hur foi resgatado em um estado
muito delicado, desnutrido e ferido, mas, após quase duas semanas, ele melhorou
através da alimentação e remédios. Ele já tem as feridas quase curadas e
recupera parte do pelo.
“A situação
dele era horrível, estava deitado embaixo de uma pia e acorrentado no meio de
fezes e água de fossa. Chamei o responsável e ele disse que tinha resgatado na
rua para cuidar, então falei que eu ia cuidar, mas não ia devolver. Ele tirou o
cachorro da rua para morrer em sofrimento e amarrado, então era melhor ter
deixado na rua”, afirmou a presidente da ONG.
A
presidente disse que o ideal seria atender todos os casos, mas, por questões
financeiras, nem todos podem ser atendidos. Por isso, os casos mais graves,
como “bicheiras” e traumas, são atendidos com prioridade.
A situação
também é vivida por outras ONGs na capital. Para angariar recursos, as
organizações realizam diversas iniciativas, entre festas, concursos e rifas.
A Dema
recomenda que em caso de maus-tratos, as pessoas denunciem a situação pelo
número (96) 98148-7378. Para mais informações e denúncias a ONG Anjos
Protetores são disponibilizadas pelas redes sociais.
— Fotos: Caio
Coutinho/G1
Por Caio Coutinho
Fonte: G1
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