Uma toninha grávida foi encontrada morta às margens
de uma praia de Peruíbe, no litoral de São Paulo. De acordo com a testemunha
que encontrou o animal, a toninha apresentava um ferimento no ventre, onde é
possível ver o filhote praticamente formado e natimorto. Segundo
as informações divulgadas na quarta-feira (9), mãe e filhote foram recolhidos
pelo Instituto Biopesca.
Conforme apurado pelo G1, a toninha (Pontoporia
blainvillei), uma espécie de golfinho de menor porte, foi encontrada na
praia do Costão na terça-feira (8). Rodeado por urubus, o animal estava em
estado avançado de decomposição, com o filhote ainda na barriga. A foto, considerada
‘chocante’ por especialistas, acabou viralizando nas redes sociais e causou
comoção.
De acordo com a ONG Ecologia e Movimento (Ecomov),
o animal foi localizado por um guia, que não quis se identificar. O presidente
da Ecomov, Rodrigo Azambuja, afirma que a morte de animais marinhos tem sido
constante na região, causada principalmente pela falta de fiscalização contra a
pesca predatória.
Assim que o animal foi localizado, o voluntário
acionou as equipes do Instituto Biopesca, que realizaram o recolhimento da
toninha e do filhote. “Essa tem sido uma de tantas ocorrências de animais
mortos encontrados em nossas praias. Estamos cobrando uma fiscalização mais
rigorosa para os pescadores ilegais que causam esses problemas”, afirma
Rodrigo.
Extinção
O biólogo marinho Eric Comin explicou ao G1 que as
toninhas são animais comuns da costa brasileira, no entanto, estão atualmente
vulneráveis à extinção. A principal ameaça para a espécie é a pesca predatória
e resíduos e petrechos de pesca encontrados à deriva no oceano.
“É uma região que, infelizmente, tem um problema
muito grande com a pesca ilegal e a presença de muitas redes, inclusive
equipamentos à deriva no mar. Como a pesca de toninhas é proibida no Brasil, os
pescadores descartam e elas acabam encalhando no litoral. Atualmente, são
encontradas cerca de 500 toninhas por ano”, explica.
Segundo Comin, a morte pode ter sido causada pelos
equipamentos de pesca, evidenciada pelo ferimento no ventre do animal. “É muito
provável que eles tenham capturado a toninha e aberto ela com uma faca para ver
o bebê, e depois soltaram no mar. Definitivamente não é uma morte natural”.
Falta de fiscalização
Azambuja explica que a Ecomov se mobiliza para
reivindicar melhores condições e fiscalização mais intensa de pescadores ilegais
na região do Costão. “Direto temos recebidos animais marinhos, golfinho e
tartarugas mortas aqui na região. É preciso cobrar esses problemas com a
Polícia Ambiental”.
“Esses animais são símbolo da preservação dos rios
e das águas, mas eles evidentemente estão sendo ameaçados. Quando você encontra
uma mãe e um bebê mortos, é uma família que morreu e isso vai impedir a
reprodução da espécie. Vamos cobrar isso das autoridades e do Ministério
Público”, finaliza Rodrigo.
Conservação
Ainda segundo Eric, as toninhas vivem em média 17
anos e atingem a maturidade sexual entre 2 e 5 anos de idade. A gestação de uma
toninha dura cerca de 11 meses, durante o qual nasce apenas um filhote. O bebê
ainda necessita dos cuidados da mãe até aproximadamente um ano de idade.
Em Bertioga, o Instituto Gremar localizou duas
toninhas mortas em cerca de quatro dias. Um dos golfinhos, inclusive, foi
encontrado com ferimentos causados por redes de pesca. Além da pesca
predatória, a morte dos animais também é causada pela ingestão de lixo marinho.
Fotos:
Reprodução/Ecomov
Por
Gabriel Gatto
Fonte: G1



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