O juiz da 1ª Vara Cível de Chapada dos Guimarães, a
65 km de Cuiabá, Leonísio Salles de Abreu Júnior, proibiu, na segunda-feira
(14), o estado de cobrar do Santuário de Elefantes aproximadamente R$ 50 mil em
Imposto Sobre Circulação de Mercadorias (ICMS) pela elefanta Ramba, que foi
resgatada de um circo no Chile e está a caminho de Mato Grosso. O magistrado atendeu pedido urgente da associação que
conseguiu a transferência do animal de 5 toneladas que chegará ao Brasil nesta
quarta-feira (16).
O animal de 52 anos estava abrigado em uma
propriedade no Chile, após ser resgatado de um circo no qual fora vítima de
maus tratos por 30 anos. O juiz de Chapada dos Guimarães argumentou que em
termos práticos, a elefanta Ramba não foi adquirida pela entidade e nem a
pertence em termos patrimoniais, para que seja considerada como mercadoria ou
bem adquirido onerosamente para fins de importação.
“Sua posição, longe de ser de mercadoria
(como era na vida de exploração que seus antigos donos lhe submetia), é agora a
de hóspede, que procura para si um novo destino à margem daquilo que a maldade
humana já lhe causou”, ponderou, na decisão.
Além disso, a retenção do animal para fins de ordem
tributária no caso em questão iria ferir Constituição Federal, que veda
quaisquer práticas que submetam os animais à crueldade.
“Donde se avulta o risco de dano irreparável, a
autorizar o deferimento da tutela liminar. Afora a questão de natureza
tributária, não se pode olvidar a que a cobrança do imposto, com possível
retenção aduaneira, implicaria demasiado sofrimento a Ramba, potencializado
pelo imenso desgaste físico e emocional ocasionados pelo transporte aéreo.
Assoma-se a isso, a impossibilidade estrutural de permanência do animal já
informada de forma veemente e com certa preocupação pela administração do
aeroporto de Viracopos, local em que desembarcará a aliá, a seu novo lar”,
concluiu o magistrado.
A transferência de Ramba é
resultado de uma parceria de vários anos entre o Global Sanctuary for Elephants
(GSE), da organização Ecópolis do Chile e da Associação Santuário de Elefante
do Brasil. A elefanta Ramba ficará na companhia de Maia e Rana (as duas anfitriãs
do Santuário).
Ramba foi comprada em 1980 na Argentina. No final
dos anos 80 começou a se apresentar em vários circos, onde vivia acorrentada e
forçada a obedecer ordens e a participar de apresentações no picadeiro. Chegou
ao Chile em 1995 e foi confiscada pelo Serviço Agrícola e Pecuário do Chile por
questões relacionadas a abusos, maus tratos e posse ilegal de animais.
Em 2012, uma ONG Chilena soube que Ramba estava na
cidade com o circo e, após o impacto da triste situação em que se encontrava,
começou uma campanha para seu resgate. Somente por ordem judicial, Ramba foi
removida do circo e levada ao Parque Safári Rancágua onde permaneceu em um
pequeno celeiro. Todavia não se adaptou ao rigoroso inverno chileno e com o
solitário habitat.
Agora ela vai viver no Santuário, em Chapada dos
Guimarães, com os outras duas elefantas.
Fonte: G1////Fotos: TV Centro
América/Divulgação


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