A cidade de Bridgeport, Connecticut, outrora a casa
do “The Greatest Showman”, P.T. Barnum, proibiu oficialmente o uso de animais
selvagens em circos.
Em uma votação unânime,
a Câmara Municipal votou na segunda-feira, 5 de novembro, a proibição de atos
de circo com animais selvagens e exóticos. Isso faz de Bridgeport a segunda
cidade depois de Stamford a promulgar tal proibição. Indiscutivelmente, a
jogada de Bridgeport é mais notável, exatamente por ser a cidade natal de P.T.
Barnum, há pouco tempo relembrado no filme “The Greatest
Showman (O Grande Showman)”.
Barnum, que já foi prefeito de Bridgeport, foi o
primeiro na América a fazer sucesso com um circo itinerante. Ele arrebatava as
audiências com animais exóticos que ninguém jamais havia visto antes e depois
voltava para casa todo inverno para guardar seus animais na cidade.
Mas, agora temos uma consciência melhor do que um
“circo animal” realmente significa para os animais: condições desumanas e maus-tratos, só para fazê-los realizar truques. Nunca foi a
coisa certa, e este mês Bridgeport decretou seu basta.
“Como lar de PT Barnum, demos um passo simbólico
proclamando que aprendemos com o passado e enfaticamente decidimos avançar de
uma forma mais progressiva e compassiva”, declarou o membro da câmara, Kyle
Langan, em um comunicado de imprensa da Animal Defenders International
(ADI ). “Obrigado à ADI e a todos os defensores que nos apoiaram ao longo do caminho.”
A ADI, que por muito tempo fez campanha por esse
movimento, também elogiou a decisão, com os dizeres de Jan Creamer, presidente
da organização: “Estamos muito felizes que Bridgeport tenha optado por
acompanhar os tempos e proibir o uso de animais selvagens em circos. Esperamos
que outros estados sigam sua deixa para proteger os animais e o público em
todos os Estados Unidos”.
De uma maneira surpreendente, essa proibição também
honra um aspecto menos conhecido do legado do circo de Barnum.
Assim como a relação de Barnum com as pessoas que
apareciam em seu circo era complexa (ele empoderava suas chamadas “esquisitices“, as explorava, ou talvez as duas coisas?),
ele é muitas vezes difamado como a primeira pessoa a introduzir animais
selvagens aos circos. E ele, com certeza, explorou esses animais.
Como atestam relatos históricos, os ursos, cavalos,
hipopótamos, elefantes e até baleias beluga que apareceram em seu museu, e mais
tarde em seu circo itinerante, foram as principais atrações de alto nível para
o público vitoriano. Os animais não recebiam nem de perto o tipo de cuidados
que hoje sabemos serem necessários para que vivam suas vidas de forma plena. De
fato, as imagens do elefante Jumbo, detonado e trancado em um
cercado pouco maior do que ele, sem dúvida arrefecerão os olhos modernos.
No entanto, houve algumas coisas positivas que não
anulam as negativas, mas pelo menos significam que algo de bom surgiu disso. O
próprio Barnum se importava com os animais em seu circo e respondia às
necessidades deles. Ele é conhecido por dizer “eu amo animais demais para
prejudicá-los”, e parece que tentou fazer as vidas dos animais o mais
toleráveis possível, enquanto ao mesmo tempo os usava no circo. Isso pode não
parecer grande coisa, mas vale lembrar que ele não tinha responsabilidade legal
em relação àqueles animais, assim como não haviam padrões significativos de
bem-estar animal aos quais ele tivesse que aderir. Pequeno conforto, talvez,
mas ainda digno de nota.
Como comentário adicional, Barnum também foi
considerado dono de amplo conhecimento desses animais numa época em que
entender sobre criaturas exóticas como cobras e elefantes era raro. Barnum, com
seu talento típico para o dramático, foi capaz de aumentar a consciência geral
sobre os próprios animais. Você não pode defender algo sobre o qual não sabe
falar, então de forma significativa Barnum deu às pessoas que não se importavam
com os direitos dos animais uma maneira de entrar na conversa. E elas entraram.
Mais importante que tudo isso, talvez, tenha sido
sua amizade espinhosa com Henry
Bergh, um dos primeiros ativistas dos direitos dos animais e fundador da
ASPCA, que policiava os espetáculos de Barnum em todas as oportunidades dadas,
tanto de maneira figurativa quanto, mais tarde, com oficiais, ativamente.
Relatos dizem que Bergh, temendo pelo garanhão de Barnum
(conhecido como Salamander)
e os truques de fogo que era forçado a realizar, enviou policiais para uma
performance. Barnum prontamente pulou através do fogo ele mesmo, e fez seus
outros artistas fazerem o mesmo para provar que o fogo era de fato um truque.
No entanto, este discurso inicial dos direitos dos animais criou uma
consciência pública em torno dos animais artistas. Barnum não pode receber o
crédito por isso, é claro, mas sem dúvida, com seu poder como uma sensação da
mídia, ele poderia ter arrasado com a imagem pública de Bergh e o movimento dos
direitos dos animais, porém não o fez. Barnum até deixou dinheiro em seu
testamento para que uma estátua fosse erguida em homenagem a Bergh, que existe
até hoje.
Alguns argumentaram que, se Barnum ainda estivesse
vivo, teria sido um dos primeiros a acompanhar os ventos da mudança e da
opinião pública e dizer que animais deveriam ser proibidos nas performances de
circo. Quer seja verdade ou não, é inegável que a decisão de Bridgeport de
proibir animais selvagens e exóticos em seus circos seja um passo importante
para um movimento nacional em direção à proibição dessa forma de exploração
animal.
Entre em ação!
Já passou da hora da exploração cruel de animais
para entretenimento chegar ao fim. Assine a petição no site Care2 hoje para o Congresso proibir o uso
de animais em circos!
Por Steve Williams / Tradução de Alda
Lima
Fonte e foto: Care 2
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