A organização não governamental
Santuário de Elefantes Brasil, que já abriga dois animais oriundos de
Paraguaçu, no Sul de Minas, vai receber mais oito moradores vindos diretamente
da Argentina. Acordo firmado pelo santuário,
localizado na Chapada dos Guimarães (MT), com zoológicos das cidades de
Mendonça, La Plata e Bueno Aires, vai permitir a transferência desses animais
em cativeiro para a reserva de mil hectares. As tratativas estão avançadas e a
esperança da diretora da ONG, Júnia Machado, é que essa mudança ocorra ainda
este ano. Ramba, uma fêmea abrigada em um zoológico chileno, também deve se
juntar aos animais vindos da Argentina.
O ideal, segundo ela, seria trazê-los
antes do inverno, já que os elefantes são espécies típicas de regiões quentes e
sofrem demais nessa época do ano, mas é preciso cumprir a burocracia exigida
pelos órgãos governamentais dos dois países, cercar os espaços onde eles vão
ficar e conseguir ajuda financeira para o traslado e a manutenção. A mudança
foi motivada pela decisão desses zoos de transformarem seus espaços em parques
ecológicos depois de denúncias e problemas com a Justiça por causa das péssimas
condições em que viviam. No caso de Ramba, ela foi retirada de um circo por
maus-tratos e está abrigada em um zoo, longe da visitação, sob supervisão de
veterinários e tratadores do santuário até a regularização de sua
transferência.
As duas moradoras do santuário, Maia
e Guida, que estavam sob custódia de pessoas ligadas ao circo em que se
apresentavam, vivem agora em um espaço de meio hectare (5 mil metros quadrados)
cercado por tubos de petróleo feitos de aço. Os outros animais também devem
ficar cercados e separados por origem (asiáticos e africanos) e sexo. O
santuário tem cerca de 1,1 mil hectares. A intenção, segundo Júnia,
idealizadora da ONG, é levar para o local cerca de 50 elefantes de diversas
regiões da América Latina que vivem em circos e zoológicos. “Elefantes não
podem viver em cativeiro, pois precisam de grandes espaços e, confinados,
acabam sofrendo doenças físicas e psicológicas”, explica Júnia.
O principal problema hoje, de acordo
com ela, é o financiamento das ações da ONG. Somente a transferência das duas
elefantas custou R$ 80 mil. Elas vieram em contêineres de aço especialmente
construídos para a transferência, que durou dois dias. Elas estão no santuário
desde outubro. A manutenção de cada uma delas é estimada em cerca de R$ 10 mil
por mês. Tudo bancado por doações.
PARCERIA COM EMPRESA
Uma das soluções para esse
financiamento é uma parceria feita pela ONG com a empresa sul-africana que
fabrica o licor Amarula, feito a partir das frutas da marula, cujo cheiro forte
atrai os elefantes. Durante junho, julho e agosto, a empresa vai doar R$ 1 para
cada garrafa do licor vendida nas lojas e supermercados. A garrafa atual vai
ser substituída por um novo modelo, que lembra o formato de uma tromba de
elefante. “Como a principal ameaça por aqui não está relacionada à caça do
marfim no Brasil, passamos a apoiar o santuário de elefantes no resgate destes
animais que sofrem maus-tratos em circos e zoológicos da América do Sul.
Queremos ajudar no resgate destes elefantes para que possam viver em um
ambiente com condições melhores e mais próximos da natureza”, afirma Theo
Vilela, gerente de marketing da Distell, fabricante do licor, carro-chefe da
empresa.
Desde 2002, a Amarula mantém uma
plataforma (www.amarula.com/trust/)
pela qual as pessoas podem batizar e estilizar um elefante. A cada animal
criado, a empresa doa um dólar para organizações não governamentais de apoio à
preservação dos elefantes. Segundo Theo Vilela, a expectativa da empresa é de
que a campanha gere cerca de R$ 50 mil em doações para o santuário, além de
divulgar sua existência. O santuário é o primeiro da América Latina e também
recebe doações pelo seu site (www.elefantesbrasil.org/doe) para ajudar a manter Maia e
Guida e trazer outros animais.
Por Alessandra Mello
Fonte: Estado de Minas ( foto: divulgação )
Nenhum comentário:
Postar um comentário