Por Sophia Portes
Um filhote de urso de um mês de idade
foi resgatado quando estava na cidade de Kizil, na Sibéria, Rússia. A
mulher, que o levava no colo, não soube dizer a origem do animal, o que se
transformou em uma suspeita de ligação com caçadores que teriam matado os pais
do filhote de urso, ou até mesmo uma possível venda do animal para um zoológico ou
circo.
Pelo fato de não existirem abrigos ou
refúgios para ursos em Kizil, uma petição foi lançada nas redes sociais pela
Agência Estatal de Controle dos Recursos Naturais para conseguir algum refúgio
de ursos que acolhesse o animal.
E foi então que duas histórias se
entrelaçaram. A defensora dos direitos animais e escritora Anna Arbátskaia, oriunda
de Kizil, havia se mudado para São Petersburgo há algum tempo. Mas ela teve que
voltar à sua cidade para pegar o resto de alguns pertencentes. Quando ela ainda
vivia em Kizil ela era integrante de uma comunidade de proteção de
animais, onde ela leu o anúncio sobre o filhote de urso que não
tinha para onde ir.
“Em poucos dias, o pequeno urso
deixou o apartamento [em Kizil] de pernas para cima. Agora, terei que trocar os
móveis e fazer alguns reparos. Dei a ele o nome de ‘Adyg’, que na língua tuvana
significa urso”, conta a protetora que adotou temporariamente o ursinho.
Anna e alguns voluntários começaram a
pesquisar refúgios para o pequeno urso e descobriram que na Rússia, existe
somente um centro de reabilitação para ursos, que fica próximo à Moscou, do
outro lado do país. Contudo, para a sorte do filhote, os funcionários do Parque
Nacional da Bachkíria estavam à procura de um filhote de urso para integrar o
grupo.
O refúgio já abrigava um filhote, mas
precisava de outro para melhorar o processo de
reabilitação, uma vez que a espécie tende a aprender rapidamente
quando está na companhia de seus semelhantes. E foi assim que ficou decidido
que era para lá que o jovem urso deveria ir.
A escritora pediu que levasse
pessoalmente Adyg para o novo lar. E para realizar a viagem de maneira segura,
os voluntários e amigos de Anna a ajudaram a construir uma gaiola de madeira
bem espaçosa, além de comprarem uma caixa repleta de comida para filhotes de
urso, como farinha de aveia e trigo-sarraceno.
O ursinho teve que tomar diversas
vacinas para fazer a viagem, mas após isso, ele já estava liberada para seguir
viagem rumo a seu novo lar. “Viajamos cerca de mil quilômetro por dia. A
cada três horas, parávamos para alimentar Adyg. Por quase todo o caminho tive a
companhia de amigos caminhoneiros que seguiam na mesma direção. Eles me
mostravam o caminho, ajudavam a arrumar a gaiola, e eu dormia em seus
caminhões”, disse Anna.
Adaptação
Anna chegou com Adyg no parque quando
já era noite. “Naquele dia tinha viajado quase 1.500 quilômetros e estava
exausta”, diz Anna. Segundo ela, o primeiro contato entre os dois filhotes de
urso foi estressante para ambos, “mas, depois de passaram a primeira noite
juntos, os gritos de estranhamento se dissiparam”, contou.
A partir de agora, os jovens ursos
irão ser reabilitados para aprenderem a viver na natureza e a procurar comida
sem interferência humana. “Para os animais não habituados a seres humanos,
apenas duas ou três pessoas podem se aproximar deles, sempre vestindo as mesmas
roupas e com rosto coberto”, explica Vladímir Kuznetsov, o diretor do
parque.
“Também não é recomendável falar com
eles, pois os filhotes de urso poderiam se acostumar e parar de temer a fala
humana, algo que iria prejudicá-los em um ambiente selvagem. Se tudo correr
bem, em agosto ou setembro deste ano, eles serão soltos para viver em total
liberdade por nosso parque”, acrescenta o diretor.
Fonte: anda.jor.br (
foto: internet )
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