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domingo, 28 de março de 2010

Mestrandos debatem politica ambiental na usina Guaxuma


Mestrandos debatem política ambiental na usina Guaxuma
Isolda Herculano
Unidade foi a primeira do setor sucroenergético contemplada com selo de qualificação ISO 14001

Alunos do curso de mestrado em Diversidade Biológica e Conservação dos Trópicos da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) visitaram, na semana passada, a Usina Guaxuma, em Coruripe, com o objetivo de discutir a política ambiental implantada em empresas de grande porte e conhecer a diversidade de ecossistemas do local. A Guaxuma faz parte do Grupo João Lyra, maior empregador de Alagoas, responsável pela manutenção de mais de 12 mil postos de trabalho no Estado.

Recepcionados pela coordenação de gestão ambiental da indústria, os alunos puderam debater questões ligadas à fragmentação da Mata Atlântica, preservação de espécies da fauna silvestre e gestão ambiental. “Essa oportunidade de conhecer in loco o funcionamento e a gestão dos recursos de meio ambiente é uma política adotada pelo curso para que os alunos possam aliar a teoria da sala de aula à prática dentro das empresas geridas tanto pelo Estado quanto por particulares”, explicou a coordenadora do curso, Nídia Fabré.

Segundo a professora, a forma de uso e conservação dos resíduos provenientes da produção industrial de uma usina desperta a curiosidade do meio acadêmico e proporciona ricos estudos na área de ciências biológicas, especialmente pela ligação com as políticas de desenvolvimento sustentável. “Desenvolver práticas para a sustentabilidade faz parte da política de gestão de todas as indústrias do Grupo João Lyra”, afirmou Jane Paula de Souza, coordenadora de Meio Ambiente da Guaxuma.

Ela ressalta, ainda, que empresa foi a primeira do mundo, no setor sucroenergético, a receber a certificação ISO 14001 – atestado máximo de qualidade ambiental. “Para que uma empresa receba esse selo é preciso cumprir uma lista de normatizações que passam pela política ambiental e social, caminhos que hoje são obrigatórios para se obter excelência na produção”, garantiu Jane Paula.

A coordenadora chama atenção, ainda que, para manter qualificações como esta, é necessário um grande investimento não apenas na usina, mas nas comunidades circunvizinhas, que passam pelo fator determinante da conscientização: “Colaboradores e moradores das comunidades mais próximas da Guaxuma são fundamentais nesse processo, porque não é possível garantir bons resultados apenas com práticas técnicas. Para atender uma política ambiental rígida é preciso grande investimento humano e pessoal”.

Coleta seletiva como prioridade

Um dos setores que mais precisa de investimento em conscientização pessoal, ainda de acordo com Jane Paula, é o que trata de aproveitamento e armazenagem de resíduos sólidos e líquidos. “Quando dizemos isso não estamos falando apenas de separar o lixo químico do lixo comum dentro da usina. Temos que orientar as pessoas de que a coleta deve ser seletiva e isso acontece não apenas no interior da Guaxuma, mas fora dela, nas comunidades próximas”, revelou a coordenadora enquanto os alunos conheciam a Central de Resíduos da empresa.

Este ponto da visita, aliás, foi destacado pela professora Nídia Fabré como um dos mais importantes da visita. “A forma de organização da central impressionou pela funcionalidade, pois o fim dos resíduos é uma questão ambiental importantíssima e que deve ser uma das prioridades quando falamos em gestão de meio ambiente”, opinou Nídia.

A Central de Resíduos da Guaxuma funciona com três etapas fundamentais: a separação, o armazenamento e o encaminhamento de detritos para empresas também certificadas. Por seguir os mais modernos padrões para o tratamento desse material, o local foi visitado por órgãos do município de Maceió e do Estado, quando da elaboração do projeto do aterro sanitário da Capital: “Nos orgulha saber que temos um sistema que inspira a construção de obras grandiosas, como o aterro sanitário de Maceió. Isso só mostra que estamos estendendo o nosso alcance ambiental e social para além das dimensões da Guaxuma”, afirmou o gerente sócio-ambiental do Grupo João Lyra, Ronaldo Melo.

Santuário do Jacaré-de-papo-amarelo

Outro ponto visitado pelos mestrandos durante a ida à Guaxuma foi o Santuário Ecológico do Jacaré-de-papo-amarelo. A reserva natural foi criada pelo Grupo João Lyra para a conservação do réptil que estava ameaçado de extinção devido à caça ilegal. Hoje a Lagoa do Pastor, que fica no santuário, abriga cerca de cinco mil jacarés, segundo os administradores do local.

“O Ibama, que é um órgão federal, utiliza essa reserva como área de soltura para animais recuperados, isso mostra a qualidade do ambiente em equilíbrio ecológico”, argumentou Marcelino Weigmar, veterinário do Grupo João Lyra. Weigmar informou ainda que no local vivem espécies que raramente são encontradas em outros ecossistemas como gato-do-mato, lontra, jaguatirica e diversas espécies de répteis, além do jacaré.

Mas a preservação da fauna não é a única atividade desenvolvida na reserva, que também é um criadouro de abelhas africanizadas: “Essas abelhas produzem mel de ótima qualidade, embora nosso intuito ao criá-las não seja a venda, e sim uma conscientização da comunidade e até uma fonte de renda, já que oferecemos treinamento de como lidar adequadamente com elas”, completou o veterinário, ratificando que um dos pilares da política de qualidade ambiental é orientar as pessoas a não impactarem o ambiente.

O aluno Cristiano Costa declarou que o grande benefício da visita para a turma foi o contato com a organização do sistema de gestão ambiental da empresa: “A maneira que a empresa gere as atividades da Guaxuma é realmente impressionante, principalmente pelo planejamento e organização. Geralmente as pessoas aprendem a cultivar uma imagem poluidora e destruidora quando se fala em usina e aqui vimos, na prática, o quanto é viável aliar pontos de vista econômicos, ambientais e comunitários quando existe uma gerência que prima pela excelência”.

Para Jane Paula, receber estudantes na unidade é uma oportunidade de crescimento mútuo: “Eles vêm até nós com o conhecimento acadêmico e nós os recebemos com o conhecimento diário de quem adota um sistema de gestão de qualidade. E essa troca sempre dá frutos para ambos os lados”, finalizou.

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