Por
Mariana Dandara
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Ao
mesmo tempo em que promove um desmonte ambiental, Bolsonaro afirma que o país
preserva o meio ambiente.
DIEGO BRESANI/DIVULGAÇÃO
O
presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse que o Brasil é o país que mais preserva o meio
ambiente. A declaração, que ignora o recorde de queimadas que já destruíram
quase 3 milhões de hectares do Pantanal, foi dada durante a inauguração de uma
usina fotovoltaica na Paraíba.
“O
Brasil é o país que mais preserva o meio ambiente e, não entendo como, é o país
que mais sofre ataques no tocante ao seu meio ambiente. O Brasil está de
parabéns pela maneira como preserva o seu meio ambiente”, disse Bolsonaro.
Os
dados oficiais, no entanto, desmentem o presidente. Além das queimadas no
Pantanal, o fogo tem destruído outras regiões do país. De janeiro a agosto, o
estado de São Paulo registrou 2.744 focos de incêndio, 53% a mais do que no
mesmo período de 2019. Na Amazônia, a maior floresta tropical do mundo, as
queimadas registradas nos primeiros 14 dias de setembro já superaram o número
de incêndios ocorridos em todo o mês de setembro de 2019. Até o dia 15, foram
20.485 focos de calor, ante 19.925 no ano passado. Os dados são do Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
As
provas de que o Brasil não preserva o meio ambiente como deveria, no entanto,
não se restringem à devastação dos biomas. Isso porque é necessário levar em
consideração o desmonte ambiental promovido pelo governo, que tenta esconder
essa realidade com um discurso vazio que parabeniza o país por algo que não
está sendo feito.
O governo Bolsonaro, através da ação do próprio presidente e de
seu ministro de Meio Ambiente, Ricardo Salles, criou um órgão para perdoar
multas ambientais; colocou militares sem competência técnica para chefiar o
ICMBio e o Ibama; reduziu a fiscalização contra crimes ambientais; transferiu o
Serviço Florestal Brasileiro do Ministério do Meio Ambiente para o Ministério
da Agricultura, comandado por uma ruralista; atacou ONGs; contestou dados
oficiais sobre desmatamento e queimadas; interrompeu o Fundo Amazônia, que
financiava ações de preservação da floresta; exonerou funcionários de órgãos
ambientais que possuíam perfil técnico e exerciam trabalho exemplar de proteção
à natureza; liberou agrotóxicos de maneira excessiva; revogou decreto que
proibia o avanço das plantações de cana-de-açúcar sobre os biomas pantaneiro e
amazônico; entre tantas outras ações.
Foto: Ernane Júnior/Facebook
O
resultado do desmonte é visto não só nas florestas que são derrubadas e ardem
em chamas, mas também na redução de multas que deveriam punir criminosos
ambientais. As penalidades aplicadas pelo Ibama em Mato Grosso do Sul sofreram
queda de 22% em 2020, em comparação ao mesmo período do ano anterior. Em Mato
Grosso, a redução foi de 52%, com 173 infrações relacionadas à natureza punidas
em 2020, ante 361 em 2019.
Já
em Mato Grosso do Sul, 50 multas foram aplicadas por crimes contra o meio
ambiente neste ano. Em 2019, foram 64. A junção das penalidades registradas nos
dois estados resultaram em 48% de queda.
A
política ambiental desastrosa do Brasil já prejudica empresas brasileiras, que
sofrem com a imagem negativa do país no exterior e perdem negócios. Esse
cenário alarmante levou um grupo de países a enviar uma carta ao governo
brasileiro na última quarta-feira (16) para pressionar Bolsonaro. O documento,
assinado pelos governos da Alemanha, Bélgica, Dinamarca, França, Holanda, Itália,
Noruega e Reino Unido, revela que a alta no desmatamento dificulta
investimentos e transações comerciais com o Brasil.
Reuters/A. Perobelli
Em
um trecho da carta, os países afirmam que “enquanto os esforços europeus
buscam cadeias de suprimentos não vinculadas ao desflorestamento, a atual
tendência crescente de desflorestamento no Brasil está tornando cada vez mais
difícil para empresas e investidores [da Europa] atender a seus critérios
ambientais, sociais e de governança”.
O
manifesto cita ainda uma preocupação crescente por parte de consumidores,
empresas, investidores e também pela sociedade civil europeia por conta dos
recordes de desmatamento do Brasil.
Bolsonaro,
no entanto, não cede à pressão internacional. Para ele, as críticas são
desproporcionais. Enquanto outros países enxergam a imensa destruição ambiental
a qual o Brasil foi condenado, com forte interferência do agronegócio que
desmata para criar bois, o presidente segue de olhos fechados.
Fonte:
anda.jor.br
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