As duas renas que estiveram na Capital do Natal, em
Oeiras, não vão voltar àquele recinto, informou a organização, anunciando que
decidiu retirar definitivamente os animais do evento.
“Apesar de
considerarmos estarem reunidas todas as condições ideais para o bem-estar dos
animais, condições essas que foram atestadas por todas as entidades envolvidas
no processo de certificação, antes e após a abertura do Parque, somos sensíveis
aos comentários e diferentes percepções que temos recebido, e optámos por
retirar as renas do recinto, de forma a não ferir a susceptibilidade de quem
nos visita”, diz a empresa promotora, a Christmas Fun Park, num comunicado
enviado esta quarta-feira.
Nos últimos dias começaram a circular, nas redes
sociais, fotografias de duas renas deitadas numa alcatifa verde molhada e
enlameada, dentro de uma cerca de madeira, tiradas por visitantes dos parque,
que motivaram algumas críticas à organização.
No entanto, a Christmas Fun Park diz que estas renas, que
pertencem à entidade Burros do Magoito, “foram acompanhados em permanência
por um tratador com conhecimentos adequados para garantir o maneio,
alimentação, limpeza ou qualquer outra necessidade para o seu bem-estar, bem
como por um veterinário”, durante a sua permanência no recinto.
A organização diz ainda que as renas “estiveram
sempre soltas em exposição, numa área de cerca de 200 metros quadrados, muito para
além do mínimo recomendável, de forma a assegurar o seu bem-estar e adequada
segurança”.
Na terça-feira, numa publicação na sua página de
Facebook, o IRA – Intervenção e Resgate Animal deu nota que, “no seguimento da
onda de indignação contra a utilização de renas” no parque, contactou o
Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), que “garantiu que
os animais seriam retirados” no decorrer da noite de segunda-feira.
Em resposta ao PÚBLICO, o ICNF disse que “procedeu
a uma acção de fiscalização no local, tendo verificado que apesar da espécie de
Rena da Lapónia (Rangifer tarandus) “não estar inscrita nos anexos da Convenção
sobre o Comércio das Espécies da Fauna e Flora Selvagens Ameaçadas de Extinção
(CITES), e portanto isenta de licenciamento ao abrigo desta convenção, a
entidade responsável pelo evento não era detentora da necessária licença para
exposição de animais exóticos”. Por isso, foi levantado auto de notícia por
contra-ordenação e os animais foram retirados do parque.
Ainda na terça, em sessão da Assembleia Municipal
de Oeiras, o vereador Nuno Neto explicou que a câmara de Oeiras
tinha feito já uma vistoria antes da abertura de portas da
Capital do Natal, tendo sido “verificados os animais e as suas condições de
saúde”. Entretanto, após as críticas que surgiram, foi feita nova vistoria às
condições de acomodação dos animais pela médica veterinária municipal.
“Foi possível verificar que as condições de
alojamento das duas renas, tanto no espaço interior como no espaço exterior,
cumprem todas as imposições legais. Apurou-se ainda que as condições de maneio
dos animais em questão são as adequadas à espécie”, disse o vereador, citando o
relatório preliminar da vistoria, concluindo que após a emissão da licença pelo
ICNF estavam reunidas as condições para que os animais voltassem ao
local. Com esta decisão da empresa organizadora não voltarão mais ao
recinto.
Por Cristiana Faria Moreira
Fonte e foto: Público / mantida a
grafia lusitana original
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