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segunda-feira, 19 de novembro de 2018

Veja como estão hoje animais vítimas de maus-tratos resgatados no DF



Comparando fotos de antes e depois do resgate, nem parece, mas são os mesmos animais. Entre um clique e outro, bichinhos que sofreram maus-tratos no Distrito Federal nos últimos meses passaram por recuperação e, hoje, em novos lares, recuperam-se dos traumas.
A spitz Mel e a yorkshire Minnie conseguiram um lar após resgate em canil clandestino em Vicente Pires, durante operação da Delegacia Especial de Proteção ao Meio Ambiente (Dema), em agosto de 2018. Minnie enfrenta doença de pele e Mel tem problema renal.
A situação de Minnie era mais extrema: do pescoço até o rabo não tinha pelos, e a pele estava irritada. Ela e Mel estão sob os cuidados da servidora pública Paula Cristina Silva, que ofereceu abrigo temporário para as cadelas e pretende ficar com as duas após o fim do processo judicial.

“Eu me ofereci para ficar com uma. Falei que queria a que precisava mais de assistência e acabei ficando com as duas piores”, lembra a servidora.
Paula Cristina conta ter se surpreendido com as fotos do dia do resgate. “Quando vi aquela foto delas em um lugar sujo, acabei ficando cheia de dó. Elas vieram morar comigo temporariamente, mas acabei me apaixonando”, comentou.
Na mesma operação, a gata persa Judithi foi encontrada. Ela estava suja, sem pelo por boa parte do corpo e com o rabo sangrando. A jornalista Mayna Ruggiero, 23, conheceu-a por meio da internet. “Pedi os exames todos, fiquei muito preocupada com o estado dela. O rabinho estava bem machucado”, frisou.
Hoje, a gata vive com Mayna e o outro felino da casa, Sherlock. “Ela exige atenção maior e investimento financeiro, porque levamos no veterinário várias vezes e a vacinamos”, disse. Apesar do trabalho, a jornalista não esconde o amor pela gatinha. “Estou dando lar temporário, mas a intenção é que seja definitivo”, contou.
A primeira audiência sobre o caso do canil onde estavam Judithi, Mel e Minnie será em 2019, informou a advogada Ana Paula de Vasconcelos, membro da Comissão de Defesa dos Direitos dos Animais da Ordem dos Advogados do Brasil Seccional Distrito Federal (OAB-DF).
A advogada faz resgates há mais de seis anos e ajuda com a profissão: Ana Paula é responsável pela defesa de diversos animais resgatados.

O caso de Fred (foto em destaque) é parecido. O cão yorkshire foi apreendido pelo Batalhão de Polícia Militar Ambiental em um canil em Sobradinho, também em agosto de 2018. Ele vivia em uma gaiola suja, sem água ou comida adequada. Era usado para reprodução e seus filhotes eram vendidos. A situação dele era tão grave que uma larva foi encontrada em seu olho direito. Por causa disso, precisou ser submetido a uma cirurgia, na qual ocorreu a retirada do olho.
Outros 59 cães também viviam no mesmo canil que Fred. “Ele, como quase todos os outros, estava doente e tinha doença periodontal grave”, pontuou Ana Paula.
A servidora pública Silvia Rita Souza, 55 anos, conheceu Fred em uma publicação no Facebook do projeto Adoção São Francisco, em setembro. “As fotos são muito impactantes. Você olha e tem vontade de chorar. Como uma pessoa tem coragem de deixá-lo naquela situação? Ele ficou um mês internado e só poderia sair da clínica para um lar temporário”, contou.
Desde então, Fred mora com ela e com Lori, uma maltês que Silvia também adotou. Graças ao amor e cuidado, nem parece mais aquele cão sujo e abatido. Fred foi resgatado com 1,5kg e hoje pesa 1,8kg.

Segundo Ana Paula, o processo judicial está finalizado e a antiga dona foi multada em R$ 57 mil pelo Instituto Brasília Ambiental (Ibram). Silvia está aguardando os papéis para adoção formal.
A servidora pública diz ser contra a venda de animais porque, conforme destaca, o comércio ocasiona maus-tratos. “Enquanto procria, ele vale. Quando não consegue mais, é jogado fora. O bichinho não é um objeto. É um animal, como o homem. A dor que sente é a mesma que a nossa”, argumentou.
O Batalhão de Polícia Ambiental informou que apreendeu 2.929 animais em 2017. De janeiro a outubro de 2018, o número de resgates chegou a 2.099. Em nota, a corporação explicou que, no caso de confirmação de maus-tratos ou abandono, o bicho é deixado com pessoas ou clínicas previamente cadastradas na Polícia Militar.
O autor do delito tem que assinar termo circunstanciado de ocorrência feito pelos próprios policiais militares que atenderam a queixa. Em caso de crimes mais graves, o suspeito pode ser encaminhado à Dema, conforme apontou a PM.
Quem presenciar situação de maus-tratos a animais pode denunciá-la para a Ouvidoria do Governo do Distrito Federal (GDF) por meio do telefone 162 ou pelo site do órgão. A queixa é encaminhada ao Ibram ou à Dema, de acordo com o teor.
A Dema também pode ser acionada diretamente por meio do número 197, por WhatsApp – (61) 98626-1197 – ou por e-mail – denuncia197@pcdf.df.gov.br. O Batalhão de Polícia Militar Ambiental atende por telefone – (61) 3190-5190 – e por WhatsApp – (61) 99351-5736.
Punição
Quem praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos pode ser punido com detenção de 3 meses a 1 ano, além de pagar multa, conforme diz a Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998.
Em 22 de maio de 2018, o GDF endureceu as penalidades previstas para as práticas de maus-tratos a animais. Com a mudança, um fiscal pode aplicar multa de um a 40 salários mínimos, ou seja, a sanção pode chegar a quase R$ 40 mil.
Por Isadora Teixeira ////Fotos: Igo Estrela/Metrópoles

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