Comparando fotos de antes e depois do resgate, nem
parece, mas são os mesmos animais. Entre um clique e outro, bichinhos que
sofreram maus-tratos no Distrito Federal nos últimos meses
passaram por recuperação e, hoje, em novos lares, recuperam-se dos
traumas.
A spitz Mel e a
yorkshire Minnie conseguiram um lar após resgate em canil clandestino em
Vicente Pires, durante operação da Delegacia Especial de Proteção ao Meio
Ambiente (Dema), em agosto de 2018. Minnie enfrenta doença de pele e Mel tem
problema renal.
A situação de Minnie era mais extrema: do pescoço
até o rabo não tinha pelos, e a pele estava irritada. Ela e Mel estão sob
os cuidados da servidora pública Paula Cristina Silva, que ofereceu abrigo
temporário para as cadelas e pretende ficar com as duas após o fim do processo
judicial.
“Eu me ofereci para ficar com uma. Falei que queria
a que precisava mais de assistência e acabei ficando com as duas piores”,
lembra a servidora.
Paula Cristina conta ter se surpreendido com
as fotos do dia do resgate. “Quando vi aquela foto delas em um lugar sujo,
acabei ficando cheia de dó. Elas vieram morar comigo temporariamente,
mas acabei me apaixonando”, comentou.
Na mesma operação, a gata persa
Judithi foi encontrada. Ela estava suja, sem pelo por boa parte do corpo e
com o rabo sangrando. A jornalista Mayna Ruggiero, 23, conheceu-a por meio
da internet. “Pedi os exames todos, fiquei muito preocupada com o estado dela.
O rabinho estava bem machucado”, frisou.
Hoje, a gata vive com Mayna e o outro felino da
casa, Sherlock. “Ela exige atenção maior e investimento financeiro, porque
levamos no veterinário várias vezes e a vacinamos”, disse. Apesar do
trabalho, a jornalista não esconde o amor pela gatinha. “Estou dando lar
temporário, mas a intenção é que seja definitivo”, contou.
A primeira audiência sobre o caso do canil onde
estavam Judithi, Mel e Minnie será em 2019, informou a advogada Ana Paula de
Vasconcelos, membro da Comissão de Defesa dos Direitos
dos Animais da Ordem dos Advogados do Brasil Seccional Distrito
Federal (OAB-DF).
A advogada faz resgates há mais de seis
anos e ajuda com a profissão: Ana Paula é responsável pela defesa de diversos
animais resgatados.
O caso de Fred (foto em
destaque) é parecido. O cão yorkshire foi apreendido pelo Batalhão de Polícia Militar Ambiental em um canil em Sobradinho,
também em agosto de 2018. Ele vivia em uma gaiola suja, sem água ou comida
adequada. Era usado para reprodução e seus filhotes eram vendidos. A situação
dele era tão grave que uma larva foi encontrada em seu olho direito.
Por causa disso, precisou ser submetido a uma cirurgia, na qual ocorreu a
retirada do olho.
Outros 59 cães também viviam no mesmo canil que
Fred. “Ele, como quase todos os outros, estava doente e tinha doença
periodontal grave”, pontuou Ana Paula.
A servidora pública Silvia Rita Souza, 55 anos,
conheceu Fred em uma publicação no Facebook do projeto Adoção São Francisco, em
setembro. “As fotos são muito impactantes. Você olha e tem vontade de chorar.
Como uma pessoa tem coragem de deixá-lo naquela situação? Ele ficou um mês
internado e só poderia sair da clínica para um lar temporário”, contou.
Desde então, Fred mora com ela e com Lori, uma
maltês que Silvia também adotou. Graças ao amor e cuidado, nem parece mais
aquele cão sujo e abatido. Fred foi resgatado com 1,5kg e hoje pesa
1,8kg.
Segundo Ana Paula, o processo judicial está
finalizado e a antiga dona foi multada em R$ 57 mil pelo Instituto
Brasília Ambiental (Ibram). Silvia está aguardando os papéis para adoção
formal.
A servidora pública diz ser contra a venda de animais porque, conforme destaca, o comércio ocasiona maus-tratos. “Enquanto procria, ele vale. Quando não consegue mais, é jogado fora. O bichinho não é um objeto. É um animal, como o homem. A dor que sente é a mesma que a nossa”, argumentou.
A servidora pública diz ser contra a venda de animais porque, conforme destaca, o comércio ocasiona maus-tratos. “Enquanto procria, ele vale. Quando não consegue mais, é jogado fora. O bichinho não é um objeto. É um animal, como o homem. A dor que sente é a mesma que a nossa”, argumentou.
O Batalhão de Polícia Ambiental
informou que apreendeu 2.929 animais em 2017. De janeiro a outubro de 2018, o
número de resgates chegou a 2.099. Em nota, a corporação explicou que, no
caso de confirmação de maus-tratos ou abandono, o bicho é deixado com pessoas
ou clínicas previamente cadastradas na Polícia Militar.
O autor do delito tem que assinar termo
circunstanciado de ocorrência feito pelos próprios policiais militares que
atenderam a queixa. Em caso de crimes mais graves, o suspeito pode ser encaminhado
à Dema, conforme apontou a PM.
Quem presenciar situação de maus-tratos a animais
pode denunciá-la para a Ouvidoria do Governo do Distrito Federal (GDF) por meio
do telefone 162 ou pelo site
do órgão. A queixa é encaminhada ao Ibram ou à Dema, de acordo
com o teor.
A Dema também pode ser acionada diretamente por
meio do número 197, por WhatsApp – (61) 98626-1197 – ou por
e-mail – denuncia197@pcdf.df.gov.br. O Batalhão de Polícia Militar
Ambiental atende por telefone – (61) 3190-5190 – e por
WhatsApp – (61) 99351-5736.
Punição
Quem praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou
mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos
pode ser punido com detenção de 3 meses a 1 ano, além de pagar
multa, conforme diz a Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998.
Em 22 de maio de 2018, o GDF endureceu as
penalidades previstas para as práticas de maus-tratos a animais. Com a mudança,
um fiscal pode aplicar multa de um a 40 salários mínimos, ou seja, a sanção
pode chegar a quase R$ 40 mil.
Por Isadora Teixeira ////Fotos: Igo
Estrela/Metrópoles
Fonte: Metrópoles
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