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sexta-feira, 22 de junho de 2018

Jornalismo da TV Verdes Mares( CE ) indica morte de cães com leishmaniose ao invés de tratamento


O jornal CETV, da TV Verdes Mares, prestou um desserviço à população ao veicular uma reportagem sobre a leishmaniose, também conhecida como calazar.
Ao expor dados do número de cães e pessoas infectadas pela doença nos municípios cearenses de Fortaleza e Itapipoca, e também exibir a quantidade de humanos que morreram em decorrência da leishmaniose, o jornal recomendou que tutores de cachorros contaminados os sacrifiquem em um Centro de Controle de Zoonoses.

(Foto: Divulgação)
Durante a reportagem, foi apresentado o caso da cadela Chiquita, que passou a receber tratamento após ser retirada da rua por Michelle Malheiros e levada a uma clínica veterinária, onde foi diagnosticada com a doença. Apesar de ter apresentado um caso em que um animal está sendo tratado, o jornal preferiu optar por incentivar o procedimento de morte induzida para cães doentes ao invés de abordar a possibilidade de tratamento.
Os cachorros não são os vilões da leishmaniose, que, conforme explicou ao CETV o médico veterinário Dárcio Teixeira, é transmitida por um inseto. “A contaminação ocorre através de um mosquito, que pica o animal e consequentemente pica o humano. Esse mosquito gosta de águas paradas sujas. Então geralmente está associado a pessoas que não têm esgoto tratado”, explicou o veterinário. Os sintomas da doença em cães são: perda de cor nos pelos, descamação da pele e lesões nas orelhas, na cauda e no focinho.
Mesmo com a explicação do veterinário acerca do mosquito, o CETV insistiu em colocar nos cães a responsabilidade pela doença e incentivar o sacrifício dos animais, mesmo sabendo que cachorros não transmitem a leishmaniose.
Depois de já ter afirmado que os cachorros doentes deveriam ser submetidos ao procedimento de morte induzida, o jornal induziu pela segunda vez a população a acreditar que a única saída para a contaminação por leishmaniose em animais é o sacrifício ao novamente abordar o tema, desta vez em relação ao município de Itapipoca que não tem um Centro de Controle de Zoonoses, o que é um problema, segundo agentes de endemia.
“Hoje, Itapipoca não está praticando sacrifício porque o processo de licitação de aquisição da clínica ainda não foi concluído. E tudo nos fazemos dentro da legalidade”, afirmou o coordenador de Controle de Endemias e Zoonoses, Francisco de Assis Pontes. O posicionamento de Pontes, escolhido pela emissora para ser adicionado à reportagem, mais uma vez reforça o uso do procedimento de morte induzida antes da tentativa de tratamento.
Ao abordar a possibilidade de tratar a doença, Pontes diz que “a parte de tratamento é uma coisa nova, que nós ainda não tivemos a oportunidade de conhecer, apenas informamos que o tutor tem esse direito de procurar a clínica para tratar se é assim que ele resolve”.
A Prefeitura de Itapipoca informou que agentes visitam cerca de 10 casas por dia para que testes rápidos que identifiquem a doença em cachorros sejam realizados. A administração municipal informou ainda que estuda a possibilidade de construir um Centro de Controle de Zoonoses com recursos do Ministério da Saúde e em parceria com outros municípios da região.
Medicamento contra a leishmaniose
Em fevereiro de 2017 o medicamento Milteforan, utilizado no tratamento de cães contaminados pela leishmaniose, foi lançado no Brasil. 
O grupo de pesquisas da Brasilleish, liderado pelos médicos veterinários Fábio dos Santos Nogueira e Ingrid Menz, com o apoio do laboratório Virbac, conseguiu a aprovação dos ministérios da Saúde e da Agricultura para a comercialização do Milteforan. O medicamento foi testado no Hospital Veterinário Mundo Animal, em Andradina (SP), com resultados eficazes.
O assassinato de animais sempre foi contestado por especialistas que garantem que a matança de cães nunca contribuiu para diminuir o índice de contágio da leishmaniose. E afirmam que, dos 88 países do mundo onde a doença é endêmica, o Brasil é o único que sempre utilizou a morte dos cães como instrumento de saúde pública.
Comissão aprova vacinação gratuita contra doença
A Comissão de Seguridade Social e Família, da Câmara dos Deputados, aprovou proposta que torna obrigatória a vacinação anual de animais contra a leishmaniose em todo o país, a exemplo do que já ocorre no caso da vacina contra a raiva. Essa vacinação será gratuita e fará parte de uma política nacional instituída a fim de prevenir e controlar a doença.
O projeto tramita em caráter conclusivo e ainda será analisado pelas comissões de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural; de Finanças e Tributação; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.
Fonte: anda.jor.br

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