Vários jornais nacionais e
internacionais noticiaram o caso de um homem que teria perdido
parte das pernas, dedos e rosto devido a uma lambida de seu cachorro na região
de um arranhão. De fato, o britânico Jaco Nel sofreu uma forte
infecção denominada septicemia, mas a culpa não foi de seu cão que estava apenas
demonstrando carinho ao lamber-lhe a mão.
Por conta de uma notícia
irresponsável como essa, muitos cães podem estar indo parar no olho da rua.
Outros devem estar apanhando toda vez que tentam brincar e lamber seus tutores
e crianças como forma de expressar afeto. As pessoas foram alarmadas
indevidamente.
O veterinário José Maria Fernandes
Junior chegou a pensar que se tratasse de uma notícia “fake” dada a
inconsistência do conteúdo: “É mais fácil pegar doenças de outros seres humanos
do que de animais. Provavelmente o homem pegou de algum local no ambiente, por
isso temos que ter uma boa imunidade. Muitas doenças abaixam a imunidade como
AIDS, leucemia e até uma grave desnutrição ou o estresse e, nesse caso,
qualquer bactéria pode causar sepse. As pessoas não morrem, por exemplo, da
AIDS diretamente, mas pela queda da imunidade e infecções secundárias”.
Mais conhecida como infecção
generalizada, a sepse, septicemia ou síndrome de resposta inflamatória
sistêmica (SIRS), é uma manifestação do organismo diante de uma infecção.
Conforme matéria bem esclarecedora do portal Minuto
Saudável, a doença tem início com uma infecção local não controlada
e que provoca uma infecção sanguínea mais grave comprometendo vários ou todos
os órgãos. Vale ressaltar que “a inflamação, portanto, não é uma influência da
bactéria, mas sim uma maneira do organismo em se defender”.
Sabe-se que esse comportamento de
defesa pode ser desencadeado por bactérias, fungos, parasitas e vírus presentes
em todo lugar. Por isso, é muito difícil determinar o que exatamente provoca a
reação inadequada do organismo. O que se nota é que a sepse ocorre com mais
frequência em pessoas que estão com baixa imunidade seja por doenças já
adquiridas, tratamentos médicos ou outra condição facilitadora. Inclusive, os
animais também podem ter septicemia como assinala
matéria do site Vetanimal.
Amor não mata e ainda protege a saúde
Cientistas da Universidade do
Arizona, nos Estados Unidos, querem provar que os micróbios presentes no
intestino de um cão podem ter efeitos probióticos sobre o corpo de seus
tutores. “Os probióticos são como bactérias úteis por ajudarem a manter o
intestino saudável e regular a digestão dos alimentos. Eles também são
auxiliadores para manter o bom funcionamento do sistema imunológico. Alimentos
como iogurte e suplementos podem ajudar a melhorar o nível de probióticos no
corpo. A intenção dos cientistas é descobrir se um cão realmente é capaz de
agir como o iogurte no corpo de uma pessoa”, diz a matéria do Daily
Mail.
Outras pesquisas indicaram que os
cães ajudam a reforçar as defesas do corpo de crianças reduzindo doenças como
asmas e alergias. O veterinário José Maria lembra que: “Antigamente o povo
acreditava que quando os cães lambiam ferimentos ocorria cicatrização. Quantos
milhões de brasileiros não fizeram isso e, obviamente, nunca aconteceu nada”.
Além disso, milhões de pessoas são mordidas e lambidas por seus animais de
estimação com frequência. Veterinários e protetores de animais, especialmente
os envolvidos em resgates, vivem mordidos e arranhados.
O que acometeu Jaco Nel foi uma
grande fatalidade, não há dúvida. Uma doença que faz milhares de vítimas em
todo o mundo pelos fatores já citados e outros ainda desconhecidos. Mas nesse
caso, amplamente noticiado, vale ressaltar que houve duas vítimas. O britânico
teve sua vida destruída e o cachorro, de nome Harvey, foi sacrificado para não
“contaminar” mais pessoas, segundo relataram os jornais. Mas é preciso espalhar
que carinho e amor não matam. O que mata é a falta de informação.
Texto de : *Fátima ChuEcco é
jornalista ambientalista e atuante na causa animal
Fonte: anda.jor.br ( fotos : divulgação )
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